"Devemos esperar mais da Europa nos tempos mais próximos", diz Ferro

O fórum dos deputados ibéricos, que se realiza hoje na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, antecipa a Cimeira Ibérica do final do mês. Ferro já falou sobre a saída do Procedimento de Défice Excessivo.

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Ferro Rodrigues e Ana Pastor, a sua homóloga espanhola, estão reunidos em Trás-os-Montes Rui Gaudêncio

O Presidente da Assembleia da República sublinhou esta segunda-feira que Portugal e Espanha "reencontraram o caminho do crescimento económico" e estão a fazer o necessário para que possam esperar "mais da Europa nos tempos mais próximos". Chegados a 2017, quer Portugal quer Espanha "reencontraram o caminho do crescimento económico" e estão "a convergir numa trajectória de crescimento sustentado acima da média europeia, gerador de emprego e muito dinamizado pela recuperação da construção e pelos recordes do turismo e, em geral, das exportações", sinalizou Ferro Rodrigues. E prosseguiu: "Estamos a fazer o que nos cabe e, por isso, podemos e devemos esperar mais da Europa nos tempos mais próximos".

Ferro Rodrigues falava, em Vila Real, na abertura do Fórum Parlamentar Luso-Espanhol, que junta deputados dos dois países e aborda a presença de Portugal e Espanha na Europa, antecipando a cimeira ibérica da próxima semana com os chefes de Governo de ambos os países.

Os deputados vão abordar hoje o futuro da Europa e também "a cooperação transfronteiriça, em particular nas áreas do Ambiente e da Energia", temas "actuais e indissociáveis", advogou Ferro Rodrigues.

"A Europa tem sido um catalisador na aproximação entre os dois Estados. O nosso comércio aumentou exponencialmente, tanto que a Espanha é hoje o principal parceiro comercial de Portugal. O mesmo sucedeu no investimento, no turismo e em tantas outras áreas", disse o presidente da Assembleia da República.

Ferro Rodrigues disse à presidente do Congresso dos Deputados de Espanha, Ana Pastor, sentir que, no contexto europeu, "as nuvens mais negras se estão a dissipar". E concretizou: "A resistência do europeísmo em eleições recentes abre aqui uma janela de oportunidade que terá de ser confirmada após as eleições alemãs e, eventualmente, após eleições em Itália. Mas os tempos continuam a ser preocupantes", embora depois do "Brexit", e depois dos alertas vindos da ascensão dos extremismos de direita, "não basta mudar algo para que tudo fique na mesma".

Ferro Rodrigues definiu ainda como uma "excelente notícia" a indicação de que a Comissão Europeia decidiu recomendar o encerramento do Procedimento por Défice Excessivo (PDE) aplicado a Portugal desde 2009. "Enquanto estivéssemos no Procedimento por Défice Excessivo tínhamos margem de manobra diminuída e um controlo excessivo por parte das instituições europeias em relação à evolução das nossas políticas", assinalou Ferro Rodrigues, classificando a recomendação de Bruxelas ao Conselho de Ministros das Finanças da União Europeia (Ecofin) como "excelente notícia". "É uma bela notícia para coroar esta sessão de abertura", declarou ainda Eduardo Ferro Rodrigues.

Fronteiras e Almaraz

No que respeita à cooperação transfronteiriça, Ferro abordou a central nuclear de Almaraz, "uma matéria que tem sido seguida com particular atenção pela Assembleia da República". "Estamos cientes do acompanhamento feito pela Agência Internacional de Energia Atómica bem como da existência de mecanismos existentes a nível bilateral. Ainda assim, faço eco do sentir dos deputados da Assembleia da República, que há poucos dias aprovaram por unanimidade uma resolução em que fica clara a apreensão com que vemos a extensão da vida da central nuclear de Almaraz, pelo seu potencial impacto na segurança e vida das populações", vincou.

O fórum dos deputados ibéricos decorre hoje na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), depois de, no domingo, as duas delegações se terem juntado num registo mais informal, num passeio de barco no rio Douro e num jantar em Peso da Régua.

Em 29 e 30 deste mês, depois da reunião dos deputados que hoje decorre, decorrerá também em Vila Real a 29.ª cimeira luso-espanhola, "que este ano é dedicada à cooperação transfronteiriça", indicou o Governo de Portugal. O Governo português é liderado pelo PS, com apoio parlamentar da esquerda, e o executivo de Espanha é responsabilidade do Partido Popular, de direita, liderado por Mariano Rajoy.

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