O TLS é que é

Na edição de 17 de Maio há uma carta magnífica sobre Harper Lee, escrita por um amigo dela, George Malko. Não é preciso gostar de Harper Lee para ficar comovido.

O TLS, que dantes se chamava Times Literary Supplement, é excepcional: é o único jornal de língua inglesa que está a melhorar. Os outros que conheço — alguns mais (Spectator, Telegraph, Times), outros menos — vão piorando de ano para ano.

Quando Stig Abell, que era subdirector do Sun, foi indicado para substituir o excelentíssimo Peter Stothard como director, entrei em pânico. Agora, graças a Abell e às pessoas que ele pôs a escrever, ler o TLS é um prazer gloriosamente imprevisível. Depois de lido até vou ouvir o podcast para verificar que, em geral, é melhor ler autores do que ouvi-los — mas ouvi-los também é inesperado e divertido. A versão Kindle do TLS custa menos de 2 euros por edição, uma pechincha que faz perdoar as falhas de transcrição. Na edição de 17 de Maio há uma carta magnífica sobre Harper Lee, escrita por um amigo dela, George Malko. Não é preciso gostar de Harper Lee para ficar comovido. Também não é preciso gostar de ciclismo para rir com as dentadas bem dadas que John Foot aplica nas pernas truculentas de dois desgraçados que escreveram livros sobre o Giro d’Italia. Richard Smyth, no ensaio How British Is It? é preclaro e contundente sobre fronteiras animais e políticas, mencionando a única ave britânica que é endémica: a Loxia scotica.

Uma escritora impaciente e subversiva que passarei a ler sempre é Claire Lowdon, autora (na edição de 12 de Maio) de Crying Wolf, uma apreciação impiedosa e hilariante da descendência literária de Angela Carter.

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