Doentes pouparam dois milhões com genéricos no primeiro trimestre de 2017

Quota de medicamentos mais baratos do que os originais voltou a aumentar este ano, após estagnação em 2016.

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Em teoria, se as pessoas comprassem genéricos sempre que isso é possível (quando existem no mercado alternativas aos fármacos originais), a poupança ascenderia a "70 milhões de euros", diz o presidente da Associação Nacional de Farmácias, Paulo Duarte Daniel Rocha

Depois de uma estagnação da quota de medicamentos genéricos em 2016, em Abril deste ano já era claro que a venda destes fármacos, que por definição são mais baratos do que os originais, estava de novo a aumentar, indicam os últimos dados do centro de estudos da Associação Nacional de Farmácias (ANF).

Em 2015, tinha havido sintomas de que algo de errado se passava. A venda de genéricos abrandou após anos de um crescimento ininterrupto e em 2016 estagnou mesmo. Agora, a inversão da tendência já é visível depois de o actual Governo ter avançado com novos incentivos financeiros às farmácias na dispensa de genéricos (recebem desde o início do ano 35 cêntimos por embalagem, se escolherem disponibilizar aos utentes um dos quatro genéricos mais baratos). 

“O mercado estava a cair, o que nunca acontecera antes, mas a situação está a inverter-se e a quota de genéricos [em unidades] voltou a subir 0,8 pontos percentuais. Em Abril deste ano era de 47,7%”, adianta o presidente da Associação Nacional de Farmácias, Paulo Duarte, que acredita que, até Dezembro, será finalmente possível ultrapassar a barreira dos 50%.

São dados que parecem áridos, mas que, só para os cidadãos, representaram uma poupança da ordem dos dois milhões de euros nos primeiro trimestre do ano, destaca, aludindo às estimativas do centro de estudos.

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Aumentar

Mas o potencial de poupança continua ainda a ser muito elevado. Em teoria, se as pessoas comprassem genéricos sempre que isso é possível (quando existem no mercado alternativas aos fármacos originais), a poupança ascenderia a “70 milhões de euros”.

A recuperação agora verificada permite às farmácias, que foram fustigadas durante os anos da troika, olhar para a frente com mais esperança, diz Paulo Duarte. A actividade não retomou os níveis anteriores, mas, entre Janeiro e Março deste ano, registaram-se seis novos casos de insolvências e dez de penhoras, um ritmo bem inferior ao de um passado recente. “A situação não está resolvida, mas está menos má.”

Para as farmácias e para os farmacêuticos a grande aposta passa agora pelo aumento dos serviços que são prestados nestes estabelecimentos. Está, aliás, em vias de finalização uma nova portaria que irá definir com clareza o tipo de serviços que aí podem ser disponibilizados, explica a bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Ana Paula Martins.

As pessoas já se habituaram a ver nutricionistas, por exemplo, nestes estabelecimentos. “Já se fazem cerca de 100 mil consultas de nutrição por ano nas farmácias”, ilustra Paulo Duarte. Mas a ideia é ter uma nova regulamentação que defina os requisitos, em termos de equipamentos e espaços, para que outros profissionais de saúde – além de nutricionistas, psicólogos, enfermeiros, podólogos, etc – possam exercer nas farmácias. 

Dos cerca de 15 mil farmacêuticos inscritos na Ordem, a maior parte (perto de 10 mil) trabalha nas farmácias. Nos hospitais, lamenta a bastonária, ainda faltam muitos farmacêuticos.

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