Já sabem aquela do português?

De repente, e sem que nada o fizesse prever, trazemos as taças todas, parecemos Gil Eanes a dobrar o Cabo Bojador

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E de repente isto tudo mudou. Que volte Eládio Clímaco e com ele os Jogos sem Fronteiras que os pontos já deixaram de ser para o País de Gales. O Tetris é nosso, até na Macaca e com as regras dos outros aquilo está no papo. Aquela história do espanhol, do inglês, do francês e do português que de tão épica tem mil uma versões, agora é a sério...porque no final ganhamos mesmo nós.

Sou do tempo em que íamos só para participar, o 36º já era uma coisa memorável e um tenista ou outro abaixo dos 100 no ranking era histórico. De repente, e sem que nada o fizesse prever, trazemos as taças todas, parecemos Gil Eanes a dobrar o Cabo Bojador e fazemos isto em todas as categorias como se o da Boa Esperança viesse logo depois.

Finalmente Vasco da Gama pode orgulhar-se porque os seus recomeçaram as epopeias de histórias, daquelas que falam mais de vencedores que de vencidos. A história volta a fazer-se e parece que começa sempre no 1º lugar e também é lá que termina.

O Eusébio é capaz de estar informado que um rapaz tímido, sossegado mas bravo deu um pontapé que virou literalmente uma nação? Chama-se Éder e caramba, somos capaz de ver aquele feito ininterruptamente para a vida toda. Foi liderado pela fé de um homem e com mais 22 fez com que Napoleão voltasse cá abaixo só para fazer uma vénia. Depois disso quando nos olham é sempre de baixo, numa expressão que acarreta admiração e, na maior parte das vezes, derrota.

Já não somos nós a chegar derrotados, são os outros quando se apercebem da nossa presença.

Temos um Presidente da República dos que reclama primeiro a justiça e o mérito e decidiu tratar das pessoas em vez das coisas e tem premiado gente à maluca, trocou os protocolos por medalhas e creio que vem uma remessa das grandes ao mês sempre com medo que se acabe o stock.

O Ary dos Santos ou o Carlos Paião já devem ter conhecimento que limpámos a Eurovisão? Com música a sério, uma cantiga daquelas capaz de orgulhar os melhores, que nos distingue pela melodia com a força de quem se esqueceu dos decibéis e preferiu ouvir os sentimentos. Chama-se Salvador e visto apenas assim é das mais bonitas notas musicais que já conhecemos, mas ele ainda consegue ser mais que isso e com o prémio trouxe admiração e diferença.

O orgulho tem dado conta dos portugueses e o respeito voltou àqueles tempos em que saímos numa nau em vez de ser de Mini Cooper. Antes ninguém acreditava, agora já ninguém acredita que perdemos. E por cada dúvida que se levanta vem sempre o Ronaldo e marca mais três. Prova todas as semanas que o melhor do mundo é português e, quando pensamos que já tudo está convencido, ele supera-se a si próprio numa batalha entre os dois melhores do mundo; o Ronaldo da semana anterior e o da seguinte. Constrói história por cima da própria história.

Não há como contrariar esta tendência de vitórias que nos tem embalado e por vezes levado à loucura. Esquecemo-nos dos dias maus, porque afinal somos portugueses e o primeiro lugar está sempre ali, ao alcance do dia seguinte. E os dias bons?

Bem já conhecem aquela história do espanhol, do inglês, de mais uns quantos e depois de um português que ganha tudo?

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