Jovens indianas terminam greve de fome por segurança no caminho para a escola

Grupo de 80 raparigas indianas cumpriu oito dias de protesto.

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Raparigas indianas cumpriram greve de fome em luta contra o assédio Reuters/KIM HONG-JI

Mais de 80 raparigas indianas terminaram, esta quarta-feira, um período de greve de fome de mais de uma semana. As alunas, com idades compreendidas entre os 16 e os 18 anos, vivem no norte do país, na região de Haryana, e protestavam contra o assédio de estudantes no caminho para a escola. O trajecto é longo e as deslocações são perigosos — e acaba por constituir uma barreira à educação.

As estudantes indianas relatam episódios de assédio no caminho para a escola. Os momentos de violência são protagonizados por "indivíduos do sexo masculino que fazem comentários obscenos, puxam as roupas das adolescentes e tiram fotos dos próprios com os telemóveis das adolescentes", descreve a Reuters.

"Devemos parar de estudar? Parar de sonhar? Só as pessoas ricas e os seus filhos podem sonhar? O governo deve proteger-nos ou abrir uma escola de ensino secundário na nossa aldeia", diz Sheetal, uma das raparigas que esteve em greve de fome.

As adolescentes terminaram a greve de fome após oito dias em protesto, que decidiram suspender quando o ministro da Educação estadual afirmou que o estabelecimento de ensino do local onde vivem passaria a ter mais dois anos de escolaridade. As alunas não terão, assim, de se deslocar a outra aldeia para continuar a aprender. "Foi nomeado um director e as inscrições para o próximo ano lectivo de 2017-18 começam na próxima quinta-feira", afirmou o ministro da Educação de Haryana, Ram Bilas Sharma, citado pela Reuters.

As imagens da televisão local mostram as alunas, em uniformes azuis e brancos, antes de terminarem o jejum. Algumas adolescentes foram hospitalizadas depois de se registarem desmaios.

Para frequentar o ensino secundário, as alunas percorrem três quilómetros até à escola. Muitas das adolescentes desta aldeia acabam por abandonar os estudos devido ao trajecto que são obrigadas a percorrer.

Os níveis de alfabetização na Índia têm aumentado nos últimos anos, mas à medida que o número de matrículas aumenta a taxa de desistência permanece em níveis muito elevados. 

A organização não-governamental Save the Children, citada pela Reuters, indica que a taxa de abandono escolar das raparigas na Índia ronda os 70%. Problemas de deslocação para os estabelecimentos de ensino e assédio nos trajectos levam a uma taxa de alfabetização desigual entre mulheres (65%) face aos homens (82%). 

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