Michael Moore volta à carga e filma sobre Trump

Novo filme está a ser rodado há meses. "Factos, realidade, inteligência não conseguem derrotá-lo", diz o realizador, que se une aos irmãos Weinstein pela primeira vez desde o documentário mais rentável de sempre, Fahrenheit 9/11.

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Michael Moore em Lisboa, quando filmava E agora invadimos o quê? HUGO CORREIA/Reuters

Fahrenheit 11/9 – não confundir com Fahrenheit 9/11, o documentário mais rentável da história e focado em George W. Bush – é o título do filme que Michael Moore tem estado a fazer sobre Donald Trump. É a primeira vez, desde o filme sobre Bush, que o realizador se une aos irmãos Weinstein para um documentário, numa altura em que “a fome de verdade de Michael é crucial”, como diz o produtor.

O novo filme, além de repetir a referência ao histórico romance de Ray Bradbury e de fazer eco do documentário de 2004, titula-se 11/9 porque foi o mês, Novembro, e o dia, 9, em que o empresário foi eleito o 45.º Presidente dos Estados Unidos. Uma das melhores armas “neste momento”, diz Weinstein num comunicado citado pela imprensa especializada, “é ter o poder de levar Michael Moore a um público massificado”. Weinstein recorda que a luta para fazer Fahrenheit 9/11, há mais de dez anos, custou aos Weinstein a sua produtora, a Miramax, numa luta com a Disney.

Mas apesar disso “o filme bateu todos os recordes e planeamos fazê-lo outra vez”, diz Harvey Weinstein sobre a receita histórica de 202 milhões de euros que o documentário conseguiu. Agora detém os direitos mundiais do novo documentário. “Este filme terá um dos planos de distribuição mais inovadores de sempre”, diz ainda o perito em, entre outras coisas, autopromoção. Fala ainda do filme como uma “revolução”.

Fahrenheit 11/9 estará em produção há meses e ainda não tem data de estreia. Mas tem um manifesto. Em declarações que espelham a sua frustração com a resiliência de Donald Trump, Presidente há pouco mais de 100 dias e que tem sido pródigo em casos e questionamento público, Moore diz querer contribuir para o fim do que considera a sua relativa inimputabilidade. “Independentemente do que é revelado, ele continua de pé. Factos, realidade, inteligência não conseguem derrotá-lo. Mesmo quando ele é autor de um ferimento auto-infligido, ele levanta-se na manhã seguinte e continua a tweetar. Tudo isso acaba com este filme”.

Há 13 anos, Fahrenheit 9/11 teve uma longuíssima ovação em Cannes aquando da sua estreia pelas mãos dos irmãos Harvey e Bob Weinstein e recebeu mesmo a Palma de Ouro. Agora, o seu sucessor Fahrenheit 11/9 está no mercado de Cannes em busca de distribuidores para os EUA e para o mercado internacional, escrevem a Variety e a Hollywood Reporter.

O papel dos média na entrada de Bush e dos EUA no Iraque e na subsequente guerra cujos resultados se fazem sentir até hoje era um dos seus temas. No último ano o cineasta criticou publicamente a atracção e atenção dada pela comunicação social norte-americana ao intempestivo candidato de Nova Iorque que viria a vencer as eleições – resultado que Moore considerou sempre plausível e até mesmo previsível.

Este será o segundo filme que Moore, realizador do oscarizado Bowling for Columbine e que nos últimos anos tem tido muito menos sucesso comercial, faz sobre Trump. No ano passado, o documentarista filmou TrumpLand, o retrato de duas noites num condado do Ohio povoado por eleitores pró-Trump e que foi exibido apenas em cerca de 50 salas, três semanas antes das eleições de Novembro de 2016, além de ter passado em algumas televisões internacionais. Esta quarta-feira, foi também noticiado pelo IndieWire que Michael Moore voltará à televisão com a série de não-ficção que tem o título provisório Michael Moore Live from the Apocalypse e que passará no canal TNT. O programa "será um lugar estridente de reunião para milhões de concidadãos que precisam desesperadamente de uma pausa dos gritos dos comentadores e dos fornecedores de 'factos alternativos'", como descreveu Moore num comunicado. A estreia está agendada para o final do ano.

Moore esteve em Portugal durante 2015 no âmbito para a rodagem do documentário E Agora Invadimos o Quê?, em que focava legislações diferentes em vários países sobre questões sociais como o consumo de drogas, prisões ou cuidados de saúde.

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