Violência doméstica: Bárbara Guimarães volta a pedir afastamento da juíza

Para Manuel Maria Carrilho trata-se de "mais um estratagema" para "prolongar as suspeitas" que recaem sobre si. O pedido anterior, baseado na falta de imparcialidade da juíza Joana Ferrer acabou recusado pela Relação.

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A primeira sessão do julgamento já foi há mais de um ano Enric Vives-Rubio

O julgamento que opõe a apresentadora de televisão Bárbara Guimarães ao ex-marido, o ex-ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho, acusado de violência doméstica, e que se arrasta desde Fevereiro do ano passado, foi novamente suspenso: Bárbara Guimarães voltou a apresentar um novo “incidente de recusa” contra a juíza do processo, Joana Ferrer.

Para Carrilho, trata-se de “mais um estratagema” que visa “adiar o inevitável”, no caso, a audição do filho de ambos que estava marcada para esta segunda-feira. Ao PÚBLICO o porta-voz de Bárbara Guimarães justificou o novo pedido de afastamento da juíza com o facto de esta não ter alterado a sua postura. “As coisas não mudaram e tornaram-se simplesmente insustentáveis”, justificou João Vieira, sem adiantar mais detalhes.

Não é a primeira vez que a apresentadora pede o afastamento da juíza. Em Fevereiro do ano passado, logo após a primeira sessão do julgamento, o advogado de Bárbara Guimarães avançou com um pedido de recusa, por entender que não estavam cumpridos os “requisitos de imparcialidade objectiva e subjectiva da juíza”. O Ministério Público também alegou que havia “motivo sério e grave, adequado a gerar desconfiança sobre a imparcialidade da magistrada judicial”. Porquê? A juíza dirigira-se sempre à apresentadora como Bárbara e a Carrilho como professor. E, quando a apresentadora contava mais um episódio sobre como, “no epicentro do furacão”, continuava a dar uma imagem pública de que tudo estava bem na relação com o ex-ministro da Cultura, Joana Ferrer declarou: “Causa-me alguma impressão a atitude de algumas mulheres [vítimas de violência] algumas das quais acabam mortas.” De seguida, e censurando Bárbara Guimarães por não ter avançado com uma queixa antes, considerou: “Parece que o professor Carrilho foi um homem, até ao nascimento da Carlota [a segunda filha do casal], e depois passou a ser um monstro." Ora "o ser humano não muda assim”.

Em Abril, porém – e depois de a própria juíza ter pedido escusa do caso –, o Tribunal da Relação de Lisboa determinou que Ferrer se manteria no julgamento. No acórdão, redigido por Rui Rangel, o tribunal reconhecia que Ferrer “se pôs a jeito” para as críticas de que tinha sido alvo, nomeadamente por ter usado uma linguagem “desadequada, imprópria, excessiva ou insuficiente”. Apesar disso, a Relação não considerou que a postura da magistrada tivesse passado “o sinal vermelho”, pelo que, concluiu: “Nada resulta da condução dos trabalhos que permita vislumbrar qualquer ligeireza ou juízo pré-concebido.”

Para Manuel Maria Carrilho, o novo pedido de afastamento da juíza, que “suspende automaticamente a continuação do julgamento por um período que não será inferior a um mês”, não passa de “um estratagema adoptado por Bárbara Guimarães” que visa apenas adiar a audição do filho de ambos que deveria ter acontecido ontem. “O que se pretende com estas manobras é muito claro: trata-se não só de prolongar a suspeita sobre mim decorrente das suas falsas acusações, como também de exercer uma ilegítima e intolerável pressão sobre os tribunais”, argumenta Carrilho.

No comunicado que fez chegar às redacções, o ex-ministro sustenta ainda que foi Bárbara Guimarães quem chamou Dinis Maria para o processo, nomeadamente quando acusou o ex-marido de a ter agredido, psicológica e fisicamente, na presença do filho de ambos. E, lembrando que as declarações anteriores do filho foram sempre “certificadas como credíveis pelo Instituto de Medicina Legal”, Carrilho diz-se convencido que “a Justiça prevalecerá sobre os pequenos truques e a batota de quem a quer pôr em causa, minando os alicerces do Estado de Direito”. 

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