A temporada da consagração de Rui Vitória

O treinador passou a ser o primeiro português a chegar ao bicampeonato nos dois primeiros anos ao serviço do Benfica.

Rui Vitória
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Rui Vitória Reuters/SHAMIL ZHUMATOV
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Rui Vitória Reuters/RAFAEL MARCHANTE
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Rui Vitória Reuters/MIGUEL VIDAL
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Rui Vitória LUSA/MÁRIO CRUZ
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Rui Vitória LUSA/MIGUEL A. LOPES

Há um ano, quando Rui Vitória conquistou o seu primeiro campeonato nacional deu uma espécie de bofetada de luva branca a muitos dos seus detractores dentro e fora do Benfica. Poucos antecipariam o sucesso de um treinador que experimentava, pela primeira vez, um clube de topo e logo para render o “mestre da táctica” Jorge Jesus, que deixara na Luz um palmarés de três campeonatos, quatro taças da Liga, uma Taça de Portugal, uma Supertaça e duas finais da Liga Europa. O seu êxito na época de estreia foi associado à qualidade da estrutura “encarnada” e à herança do seu antecessor. Mas já ninguém lhe irá regatear o mérito pessoal desta segunda temporada, que o eternizará na história do emblema como o “pai do tetra”.

Nascido há 47 anos, em Alverca do Ribatejo, Rui Carlos Pinho da Vitória não precisou de muito tempo para fazer história no Benfica. Tornou-se no primeiro treinador português a alcançar um bicampeonato nos dois primeiros anos ao serviço do clube, numa época em que poderá acumular cinco títulos pelos “encarnados” (contando com os dois da época de estreia), caso bata a Vitória de Guimarães na final da Taça de Portugal. Uma partida que terá um significado especial para o técnico, já que foi ao serviço dos vimaranenses que conquistou o primeiro troféu da sua carreira, precisamente a Taça de Portugal, após bater os “encarnados” no Jamor. Poucas semanas depois seria apresentado na Luz.

Com os adeptos benfiquistas ainda em estado de choque pelo embaraço da transferência de Jorge Jesus para o Sporting, a sua apresentação foi relativamente discreta e não deixou ninguém particularmente eufórico. O estilo discreto e humilde contrastava radicalmente com a imodéstia e, amiúde, indisfarçada arrogância do seu antecessor. Os primeiros meses não foram fáceis para a sua afirmação no banco das “águias” e as três derrotas consecutivas frente ao Sporting (Supertaça, Liga e Taça de Portugal) deixaram-no à mercê das críticas e da chacota.

O próprio Jesus não o poupou à humilhação, quando Vitória sugeriu que o agora treinador “leonino” vivia obcecado pelo Benfica. “Como eu não o qualifico como treinador, não é meu colega. Para ser treinador tem de ser muito mais do que aquilo… Mas enfim, estas situações fazem parte do futebol. Fi-lo sair da toca, que era o que eu queria. Tirei-o da toca. Tem que se assumir, como tem que se assumir o Benfica. Vamos ver se aquele Ferrari continua a andar. Vamos ver.”

Os “mind games” de Jesus saíram-lhe pela culatra. Vitória teve mesmo mãos para o Ferrari encarnado. Sem nunca responder à letra às provocações, uniu o plantel em seu redor contra o “inimigo” externo. Em pleno Estádio José de Alvalade respondeu ao seu adversário, com o primeiro triunfo no derby lisboeta, que lhe valeria o título nacional. E não voltaria a ser batido neste confronto de egos, primando sempre pela sobriedade nos êxitos e pela frontalidade nos insucessos.

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