Lista de Macron combina políticos, celebridades e figuras da sociedade civil

O República em Marcha! reúne políticos e não políticos, da esquerda e do centro, e faz uma abertura à direita moderada.

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Reuters/CHRISTIAN HARTMANN

O partido República em Marcha!, que apoia o Presidente eleito, Emmanuel Macron, apresentou na quinta-feira à tarde em Paris uma lista de 428 candidatos às eleições legislativas de Junho. São 114 homens e 114 mulheres, 52% dos quais vindos da “sociedade civil”, isto é, pessoas que nunca exerceram cargos electivos. São também investidos 24 deputados socialistas e um número ainda indeterminado de centristas do Modem, do aliado François Bayrou.

O ex-primeiro-ministro Manuel Valls não foi investido, mas o partido não apresentará candidato contra ele, tal como fará em relação a alguns candidatos d’Os Republicanos (LR, direita), como Bruno Le Maire e vários amigos políticos de Alain Juppé, que manifestaram a vontade de colaborar com a “maioria presidencial”. Os nomes que faltam — há 577 círculos eleitorais que elegem um único deputado — estarão em grande parte reservados a personalidades políticas exteriores ao movimento.

A comissão de investidura do República em Marcha! analisou 19.000 processos de candidatura. Houve lapsos, como a indicação do nome de Mourad Boudjllal, presidente do clube RC Toulon, que não se tinha candidatado. A apresentação dos nomes foi feita por Richard Ferrand, deputado socialista e secretário-geral do novo partido.

A selecção final é dominada por nomes desconhecidos mas inclui personalidades célebres, como o matemático Cédric Vilani (medalha Fields, o “nobel de Matemática”) ou a antiga toureira Marie Sara, um “ídolo” no Sul de França e a quem caberá desafiar o deputado Gilbert Collard, eleito pela Frente Nacional. Há figuras intelectuais, como o sociólogo Jean Viard, e personalidades experientes nos campos da economia ou da segurança, como Jean-Michel Fauvergne, ex-patrão do RAID (polícia de elite e de antiterrorismo). E ainda vários colaboradores da administração Hollande.

É difícil avaliar o impacto deste método de renovação do “pessoal político”. Em numerosos círculos os candidatos de Macron vão desafiar dirigentes socialistas, como Benoît Hamon ou o secretário-geral Jean-Christophe Cambadélis. Por sua vez, um dirigente socialista avisou os seguidores de Macron: “Não haverá candidatos com duas etiquetas diferentes. Os que se apresentarem sob a etiqueta Em Marcha! terão pela frente um candidato socialista.”

Mélenchon ao ataque

Jean-Luc Mélenchon, líder d’A França Insubmissa (extrema-esquerda), candidata-se em Marselha contra o socialista titular do círculo, Patrick Mennucci. Perante a indignação dos socialistas, Mélenchon foi muito claro: “Eu não quero enfraquecer o PS, quero substituí-lo.”

Crê que Macron não terá maioria e pensa num cenário de coabitação, que seria decidido entre ele e o LR. Se faz de Macron o “inimigo principal”, parece dar prioridade à liquidação do PS. Este encontra-se, uma vez mais, envolvido por uma implacável tenaz: à sua esquerda, os “Insubmissos”; à sua direita, o República em Marcha!, que já integrou grande parte dos socialistas.     

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