Universidade Nova de Lisboa tem uma unidade para apoiar ensaios clínicos

Estrutura ajuda cientistas que não são patrocinados pela indústria farmacêutica e querem avançar com investigação clínica.

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nFACTOS/Fernando Veludo

Chama-se Nova CRU (Clinical Research Unit) e é uma nova estrutura de apoio à investigação clínica independente em Portugal que faz parte da Universidade Nova de Lisboa. É uma entidade sem fins lucrativos que disponibiliza uma série de serviços aos investigadores que não são patrocinados pela indústria farmacêutica. Com apenas dois anos de trabalho, a Nova CRU conta com uma “carteira” de 21 parceiros, dando apoio a equipas de investigadores que estão a desenvolver ensaios clínicos para os seus projectos.

“É a única unidade de apoio a ensaios clínicos que existe no país”, refere Nélia Gouveia, farmacêutica doutorada em investigação clínica que gere o novo projecto da Universidade Nova. Segundo explicou ao PÚBLICO, esta unidade inspirou-se em modelos semelhantes que existem noutros países, como Alemanha, França e Reino Unido, e que, dito de forma simples, funcionam como “facilitadores” da concretização de um projecto de investigação clínica independente.

“Damos apoio às equipas em várias frentes, desde a componente de organização logística e da regulamentação para a realização de um ensaio clínico, até ao desenvolvimento do protocolo, passando pelo acompanhamento de todo o planeamento e concretização do estudo, pela revisão de eventuais publicações e também pelas ferramentas da parte informática com software e tratamento de dados”, enumera Nélia Gouveia. Em troca de quê? “Somos uma entidade sem fins lucrativos que está enquadrada na universidade fazendo prestação de serviços”, refere, acrescentando que o custo deste apoio para os investigadores “é muito variável”, dependendo do tipo de projecto, mas que os valores cobrados são calculados “ao preço de custo”.

A estrutura com uma equipa multidisciplinar de dez pessoas foi criada em 2015 com a união de forças de duas instituições da Universidade Nova de Lisboa (a Nova Medical School e a Nova Inovation and Management School), mas ainda está numa fase de arranque, somando, para já, o apoio a 21 projectos em várias áreas da investigação clínica independente. São áreas que, explica a coordenadora da Nova CRU, saem do terreno da indústria farmacêutica (que aposta no desenvolvimento de novos produtos) e que procuram outro tipo de respostas para problemas de saúde como, por exemplo, a comparação de protocolos de tratamento já existentes, testes sobre a eficácia da combinação de tratamentos ou a comprovação da eficácia de alguns medicamentos em uso off-label (ou seja, para situações para os quais não estão “oficialmente” indicados). O objectivo é apoiar o desenvolvimento de projectos em meio hospitalar, deixando os laboratórios farmacêuticos de lado.

Nélia Gouveia acredita que a nova unidade vai abrir portas para a investigação portuguesa, projectando e facilitando a colaboração com outros países. Até porque, argumenta, a Nova CRU está integrada na rede europeia ECRIN (European Clinical Research Infrastructure Network) e no consórcio português PtCRIN, que também têm como objectivo a promoção da investigação clínica independente, juntando várias instituições académicas e hospitais.

Assim, conclui Nélia Gouveia, esta estrutura poderá funcionar como mais uma “ponte” entre o país o resto do mundo, acolhendo estudos com doentes oriundos de vários centros de outros países permitindo, ao mesmo tempo, que as equipas encontrem parceiros lá fora para este tipo de estudo. “Não temos qualquer fim comercial. É uma unidade de uma universidade que quer apoiar a investigação clínica independente que, muitas vezes, acaba por ter muitos projectos a ficar pelo caminho porque os investigadores não conseguem ter este tipo de apoio com um know-how profissionalizado.”

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