Quarenta anos para a memória do teatro de expressão ibérica

O FITEI 2017 decorre de 1 a 17 de Junho, em palcos do Porto, Matosinhos, Felgueiras e Viana do Castelo. O programa vai destacar o tema Memória e comunidade.

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Macbeth, Nuno Carinhas João Tuna
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Bacantes, Marlene Monteiro Freitas Rosa Reis
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Inferno, João Brites/O Bando Alexandre Nobre
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Pájaro, Trinidade Gonzalez DR
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Calypso, Marta Pazos/Voadora DR
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Campo Minado, Lola Arias Tristam Kenton

Depois de 17 dias de danças da Europa e do Brasil (DDD), outros tantos de teatro de expressão ibero-americana na 40.ª edição do FITEI, que vai decorrer de 1 a 17 de Junho. A vida cultural e artística da cidade do Porto vai assim continuar a privilegiar as artes do palco neste caminhar para o final da presente temporada. E o Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, o mais antigo certame teatral do país, persiste em marcar o seu lugar nesta agenda.

Nesta edição comemorativa, a história do festival vai ser revisitada em livro; o programa vai contar com 19 produções provenientes de quatro países (Espanha, Argentina e Chile, além de Portugal), e estender-se a palcos (e outros sítios improváveis, como um cabeleireiro, um café, uma estação de metro) de Matosinhos, Viana do Castelo e Felgueiras.

“É uma programação de celebração, mas também de continuidade e de memória, que quer olhar para o trabalho de artistas que trabalham os temas da comunidade, da memória e da pós-memória”, anunciou esta terça-feira Gonçalo Amorim, director do festival, na apresentação aos jornalistas feita no Teatro Rivoli, um dos palcos do evento.

A seu lado, Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, lembrou que o festival sempre teve um percurso marcado por dificuldades, às quais sempre soube resistir, “e isso é também uma marca da cidade”. A autarquia vai, de resto, aumentar este ano o seu apoio ao FITEI, atribuindo-lhe 67 mil euros, mais 10 mil para a edição do álbum comemorativo de autoria do encenador e crítico Jorge Louraço Figueira. Está ainda por conhecer o montante do subsídio da DGArtes. 

A abrir (1 de Junho), a estreia de Macbeth, de Shakespeare, com encenação de Nuno Carinhas a marcar uma vez mais o cruzamento da programação do Teatro Nacional São João (TNSJ) com a do festival. Presente no palco do Rivoli, o encenador não quis adiantar nada sobre este novo desafio de enfrentar “a mais veloz das tragédias de Shakespeare”, a não ser realçar o regresso de João Reis (Macbeth) ao palco do São João e a nova tradução de Daniel Jonas, que será editada em livro.

A fechar (Teatro Rivoli, dia 17), Bacantes – Prelúdio para uma Purga, de Marcelo Monteiro de Freitas, que Tiago Guedes, director artístico do Teatro Municipal do Porto, destacou também como um dos acontecimentos do programa, e descreveu como uma criação de uma coreógrafa, entre a música, a dança e o mistério, que faz precisamente a ligação dos Dias da Dança com o FITEI, abrindo-se ao “cruzamento de públicos”.

Na apresentação do programa, Gonçalo Amorim destacou as presenças de “duas artistas famosas”, a abordar o tema da História e da memória: a argentina Lola Arias, com Campo Minado (TeCA, dias 8 e 9), sobre as memórias da Guerra das Malvinas; e Joana Craveiro, com Filhos do Retorno (Teatro Campo Alegre, dias 9 e 10), uma produção do Teatro do Vestido sobre o fenómeno dos Retornados da África colonizada por Portugal, feita “a partir de testemunhos de uma geração que viveu os acontecimentos através das memórias das famílias”.

Outro momento forte do 40.º FITEI será a chegada ao Porto da nova produção d’O Bando, Inferno (TeCA, dias 15 a 17) – que esta quinta-feira tem estreia nacional no Teatro D. maria II, em Lisboa. “João Bites, um dos grandes encenadores europeus da actualidade” – realçou Gonçalo Amorim –, “enfrenta aqui a quimérica missão de levar à cena a primeira estação de A Divina Comédia, de Dante”.

Pájaro, da chilena Trinidad Gonzalez (Rivoli, dias 2 e 3), mereceu também chamada de atenção: “Reúne um grupo de jovens que julgam ser artistas numa noite de copos, e que se vão confrontar, de forma violenta, com um sem-abrigo que se diz um pássaro”, descreveu o director.

De Espanha, Marta Pazos traz Calypso (Teatro Sá de Miranda, Viana, dia 3; Palácio do Bolhão, dia 7), com que a companhia galega Voadora encena “uma grande despedida, elegante e extravagante”. Além desta extensão ao Alto Minho, Felgueiras e Matosinhos receberão também representações de Casco Azul, do chileno Antonio Altamirano, uma releitura de Hegel num Haiti em estado de revolta. “Mas Hegel é complicado”.

Projectos com alunos de escolas de teatro e de dança e uma série de workshops, master-classes e seminários sob o título Isto Não É Uma Escola FITEI completam o programa, que poderá ser consultado aqui.

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