Macron e Hollande, dois Presidentes em linha directa no Arco do Triunfo

Para comemorar o dia em que a Alemanha foi derrotada na II Guerra Mundial, o Presidente eleito de França e o cessante juntaram-se em Paris. O difícil foi disfarçar a evidente cumplicidade.

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O rosto do novo Presidente eleito francês, Emmanuel Macron, era todo um ecrã de emoções, quando François Hollande, cujo mandato termina a 14 de Maio, chegou ao pé dele e o convidou a percorrer os poucos metros que faltavam para chegar ao Arco do Triunfo, em Paris, para fazerem juntos a homenagem ao soldado desconhecido, um ponto alto do 8 de Maio, o dia em que se comemora a derrota da Alemanha na II Guerra Mundial. Hollande, paternal; Macron, seu antigo conselheiro, por momentos quase deixou que lhe viessem as lágrimas aos olhos.

A transmissão de poder, a mudança de inquilinos no Palácio do Eliseu, acontecerá no domingo. Mas esta cerimónia é também uma forma simbólica de transmissão dos poderes, ainda por cima numa comemoração de um momento fundamental da história e do imaginário franceses: a guerra com a Alemanha, a resistência, a relação com a Europa.

Hollande guiou Macron, o seu antigo conselheiro que decidiu cortar com ele e com o governo de Manuel Valls para tentar a sua própria candidatura à presidência. Na altura, fontes do Palácio do Eliseu falaram em “traição”. Mas o sucesso de Macron parece ter feito esquecer o que então foi sentido como um insulto.

Mas nenhum dos homens quer mostrar demasiada proximidade, demasiada amizade - o impopular Hollande não pode ser visto a dar demasiado apoio a Macron. “O herdeiro”, chamava-lhe com desprezo Marine Le Pen, a candidata de extrema-direita derrotada no domingo.

Por isso, após o primeiro momento de emoção, Macron tentou manter o rosto fechado, enquanto depositava uma coroa de flores, acendia a chama em honra do soldado desconhecido, sob a enorme bandeira tricolor francesa que flutuava ao vento sob o Arco do Triunfo. Muitos turistas vieram à Praça da Estrela para tentarem ganhar um relance do tão badalado novo Presidente francês.

Depois deste início de dia com Macron, Hollande parte para a Alemanha, onde jantará com a chanceler Angela Merkel - algo que já estava programado, adequado a um dia em que, ao longo destes 72 anos de paz, desde o fim da II Guerra Mundial, passou a comemorar-se a reconciliação franco-alemã, mas que ganhou novo interesse com a vitória do europeísta Macron.

Politicamente, dão-se os primeiros passos para transformar o movimento Em Marcha de Macron num partido,. que deverá chamar-se Em Marcha pela República. Espera-se que o Presidente eleito divulgue o nome da sua escolha para primeiro-ministro - multipilicam-se as apostas! -, mas a verdade é que pode vir a ter de abdicar dessa escolha, se não conseguir uma maioria nas legislativas de Junho.

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