Vitória importante, com resultados preocupantes

Quatro pontos importantes a destacar sobre os resultados agora projectados

A primeira nota é que provavelmente o debate de quarta-feira terá sido determinante. Emmanuel Macron demonstrou garra e coragem, que eram aspectos que lhe eram criticados. Com isso terá conquistado alguns indecisos e, acima de tudo, terá afastado de Le Pen alguns dos que ponderavam votar nela – isto porque a candidata da Frente Nacional foi incapaz de defender as suas ideias de forma consistente e, pior, revelou ignorância sobre vários aspectos do sistema político.

A segunda nota é que ainda há perto de 12 milhões de desencantados com o regime francês. Estes são os desencantados da globalização, são os que ficam nas margens dos benefícios e são esses que têm de ser integrados no sistema para não voltarem a ceder aos populismos. São os eleitores que Macron terá de conquistar. É que a vitória era, de certa maneira, a parte mais fácil. O que interessa agora é aplicar o seu programa eleitoral e integrar os desiludidos do sistema.

A terceira nota tem precisamente que ver com essa conquista e a aplicação do programa eleitoral com que foi eleito. Há eleições legislativas daqui a seis semanas e Emmanuel Macron tem de promover o seu novo movimento de forma a conseguir uma maioria que apoie o seu programa. Se ficar refém de coligações fracas negociadas entre vários partidos, arrisca-se a ter um mandato tão mau como o de Hollande.

A quarta nota tem que ver com a necessidade de interromper este ciclo de subida do extremismo populista. É que esta é uma vitória importante dos defensores da democracia liberal, mas é também um caso sério de normalização da direita populista na Europa. A Frente Nacional duplicou praticamente a votação das eleições presidenciais de 2002, ainda com Jean-Marie Le Pen, pelo que importa impedir novo crescimento nas próximas eleições.

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