Ayatollah critica Presidente por promover educação ocidental no Irão

Khamenei tem vindo a distanciar-se de Rouhani, o Presidente que reabriu o diálogo com o Ocidente e que tentará a reeleição nas presidenciais de 19 de Maio.

Foto
Comício a favor de Rouhani na quinta-feira EPA/ABEDIN TAHERKENAREH

O Líder Supremo do Irão criticou o Governo do Presidente Hassan Rouhani por promover o plano de educação da ONU e a sua "influência ocidental" que, segundo os seus próximos da linha dura, contradiz os princípios do islão.

O comentário do Ayatollah Ali Khamenei surge a poucos dias das presidenciais, que se realizam a 19 de Maio, e nas quais Rouhani vai procurar ser reeleito.

"Neste país, a base é o islão e o Corão. O Ocidente não será autorizado a espalhar o seu estilo de vida corrupto e destrutivo", disse Khamenei num encontro com professores, segundo o seu site.

"Não faz sentido aceitar esse documento na República Islâmica", disse, referindo-se ao Plano de Educação 2030 da Unesco, a agência da ONU para a educação, ciência e cultura. O Líder Supremo não especificou quais são os pontos com que discorda, mas religiosos da linha dura têm considerado (e criticado) que promove a igualdade de género na educação, o que dizem ser contra o islão.

"Como é que uma instituição que se diz internacional e que está sob a influência de grandes potências se permite traçar linhas de orientação para países com histórias, culturas e civilizações tão diferentes entre si?", perguntou Khamenei que com frequência fala na existência de uma "soft war" do Ocidente destinada a destruír o governo islâmico do Irão.

No último mês, Khamenei tem vindo a distanciar-se de Rouhani, o Presidente que reabriu o diálogo com o Ocidente, negociou o acordo sobre o programa nuclear iraniano e promoveu o regresso do país ao mundo, depois de décadas de encerramento devido às muito restritivas sanções internacionais. Porém, ainda não chegou ao ponto de apoiar publicamente um dos outros candidatos à presidência, entre ele o influente clérigo Ebrahim Raisi e o presidente da câmara de Teerão, Baqer Qalibaf.

Um relatório da ONU, de 2015, concluiu que, em matéria de educação, o Irão tinha conseguido quase chegar à igualdade de género no tratamento e oportunidades em todos os níveis da educação. Porém, o documento alertava para o facto de as quotas para a entrada de pessoas do sexo masculino e feminino nas universidades, decididas em 2012, estavam a fazer baixar o número de alunas.

 

 

 

Sugerir correcção
Ler 5 comentários