Manifestantes obrigam Le Pen a fugir pelas traseiras da Catedral de Reims

Após o fracasso no debate presidencial, a candidata da extrema-direita está a ser mais criticada.

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Le Pen protegida pelos guarda-costas numa acção de campanha na quinta-feira Stephane Mahe/Reuters

Marine Le Pen enfrenta um ambiente hostil a que já se tinha desabituado. Esta sexta-feira, em visita à Catedral de Reims, no Nordeste de França, foi recebida com grande agressividade por activistas da França Insubmissa, de Jean-Luc Mélenchon, e outros manifestantes, que lançaram ovos e gritaram palavras de ordem. A candidata ficou meia hora bloqueada no interior da catedral onde outrora eram coroados os reis de França, e terá saído por uma porta discreta, para não confrontar os protestos.

Outros membros do estado-maior do seu partido, a Frente Nacional, que saíram pela frente da catedral gótica, como Florian Philippot, foram acossados e apupados no caminho para os carros.

O próprio presidente da Câmara de Reims, Arnaud Robinet, tinha-se mostrado hostil à vista de Le Pen. “Não perca o seu tempo, este é o local da reconciliação franco-alemã”, tinha-lhe dito. Mas o Leste de França é uma das novas terras de conquista eleitoral da Frente Nacional (FN), que quis visitar com Nicolas Dupont-Aignan, o seu novo aliado soberanista, no último dia de campanha.

Marine Le Pen procura ganhar novo embalo depois do debate televisivo de quarta-feira, em que a sua má prestação foi amargamente criticada mesmo dentro do partido e pelos militantes, em acesos debates na Internet. “Uma emissão pode fazer de ti uma estrela, outra emissão pode destruir-te”, lamentava no Twitter Pierre Sautarel, um dos principais animadores do site de extrema-direita FdeSouche (Français de Souche, Franceses de Origem). “O problema com os fãs é que te detestam tão rapidamente como antes te adulavam”, dizia ainda.

Noutro site de discussão ligado à Frente Nacional, onde só se entra com entidade confirmada — depois de várias infiltrações de jornalistas e elementos de extrema-esquerda —, a Taverna dos Patriotas, relatam vários media franceses que a discussão sobre o comportamento da líder frontista é animadíssima. “Marine Le Pen ridicularizou-se”, lamentou um militante, citado pelo jornal Le Figaro.

Muitos lamentavam que Marine Le Pen não usasse a linguagem mais diplomática de Philippot, o seu vice-presidente, e se tivesse mostrado como filha do seu pai, usando o tom confrontacional típico de Jean-Marie Le Pen, num momento em que 20% dos franceses confessam ainda estar indecisos sobre em quem irão votar na segunda volta.

As sondagens feitas desde o debate têm dado Marine Le Pen a descer, abaixo da fasquia dos 40%, que o partido tinha colocado como objectivo. Na sondagem Elabe para a revista L’Express perdeu três pontos e no estudo contínuo das intenções de voto da Paris Match tem vindo a perder um ponto a cada dia que passa — um indicador preocupante, já que este indicador evolui normalmente ao ritmo de meio ponto, sublinha Laurent Joffrin, na sua análise diária da campanha para o jornal Libération.

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