Bruxelas tenta travar troca de palavras duras sobre o "Brexit"... sem grande resultado

Tusk alerta que é necessário um clima de "moderação" para as negociações - mas nem Junker ajuda. Disse que "o inglês está a perder importância na Europa". Ministro britânico para o "Brexit" acusa Bruxelas de tentativa de "intimidação" dos britânicos.

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Tusk: “Se começarmos a discutir mesmo antes de [as negociações] começarem, vão tornar-se impossíveis.” Yves Herman/Reuters

A troca de galhardetes entre Londres e Bruxelas a propósito do "Brexit" continua, com as vozes a pedir contenção a serem abafadas por avisos, ameaças e até piadas.

“É preciso discrição, moderação, respeito mútuo e um máximo de boa vontade”, disse, contra a maré, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk. “As negociações já vão ser suficientemente difíceis”, declarou. “Se começarmos a discutir mesmo antes de começarem, vão tornar-se impossíveis.”

Tusk fez estas afirmações depois de a primeira-ministra britânica, Theresa May, ter acusado responsáveis europeus de esforços para sabotar a sua campanha para as eleições de 8 de Junho com declarações sobre o processo negocial.

Também a chanceler alemã, Angela Merkel, tentou ultrapassar o tom de azedume, repetindo o objectivo de manter uma boa relação com o Reino Unido após a sua saída da União Europeia, mesmo que as negociações sejam “extremamente complexas e intensas”.

Mas o apelo de Tusk não parece ter tido grande eco.

Na emissora britânica BBC, o ministro do "Brexit", David Davis, acusou a Comissão Europeia de “tentar intimidar o povo britânico” com sugestões de que Londres teria de pagar uma factura de 100 mil milhões de euros. “Foi ultrapassado um limite”, disse Davis, falando da divulgação “deliberada” de informação “enganosa”. “Mas o povo britânico não vai ser intimidado, e o Governo não vai permitir que seja intimidado”, declarou o ministro.

Davis referia-se a uma notícia na edição de domingo do jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung sobre um jantar entre o Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e Theresa May. Este foi “desastroso”, segundo a descrição do jornal, e terminou com Juncker a pensar que a primeira-ministra britânica estava a “viver noutra galáxia”, referindo-se às expectativas, que seriam irrealistas, de May sobre que tipo de acordo que poderia o Reino Unido conseguir.

Finalmente, as palavras de Tusk nem no seu próprio campo parecem ter tido efeito – o Presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, declarou esta sexta-feira, numa conferência na Universidade Europeia em Florença: “Estamos dispostos a negociar de modo justo com os nossos amigos britânicos, mas não vamos esquecer que não é a UE que está a abandonar os nossos amigos britânicos, é ao contrário. E isso vai fazer uma diferença nos próximos anos”.

E o responsável não resistiu a fazer uma piada ao decidir falar em francês no encontro: não só quis falar na língua dos franceses, que vão a votos no domingo, como, comentou, o inglês está menos relevante. “De modo lento, mas definitivo, o inglês está a perder importância na Europa”, disparou Juncker. 

 

 

 

 

 

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