PGR admite bloqueio de links do jogo Baleia Azul

Ministério Público abriu três investigações sobre desafio suicida que está a aliciar jovens em vários pontos do mundo.

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Os jovens são as principais vítimas do jogo. Ricardo Silva

A Procuradoria-Geral da República pondera mandar bloquear hiperligações que permitam o acesso ao jogo online Baleia Azul, na sequência do qual há jovens em vários pontos do mundo a automutilarem-se e a tentarem o suicídio.

No seu habitual comentário televisivo na SIC, Marques Mendes anunciou, no passado domingo, a intenção do Ministério Público. E a Procuradoria-Geral da República confirma-o. Diz que abriu três inquéritos relacionados com o jogo – um na comarca de Faro, outro na de Setúbal e uma terceira investigação na comarca de Portalegre – e que, no âmbito destas investigações, “não deixará de ponderar todas as medidas processuais adequadas previstas na lei do cibercrime, incluindo a de bloqueio de links.

Isso significa que perfis no Facebook de pessoas suspeitas de serem curadores do jogo – os responsáveis pelas ordens de automutilação e suicídio – a que as três vítimas eventualmente tenham acedido podem vir a ser bloqueados por ordem do Ministério Público, por exemplo. Ou outros sites ligados ao desafio.

Na quinta-feira de madrugada uma jovem de 18 anos saltou de um viaduto para a linha férrea do Algarve, na zona das Ferreiras, em Albufeira. Trata-se de um dos casos sob investigação, uma vez que apresentaria vários sinais relacionados com o jogo: a palavra “Sim” escrita com uma navalha na coxa direita e "F 57", uma das hashtags do jogo, na palma da mão esquerda. Em Sines, um rapaz de 15 anos foi igualmente levado para o hospital depois de ter desenhado uma baleia num braço com um objecto cortante.

Com uma designação que será uma alusão aos cetáceos que encalham nas zonas costeiras e acabam por morrer, o jogo terá nascido na Rússia e será composto por 50 desafios, que começam por tarefas inócuas para evoluírem para a automutilação e, por último, o suicídio. Os jogadores não devem contar a ninguém que participam nele. Há relatos de jovens a quem foi dito que a sua família iria correr perigo se desistissem de jogar.

Um eventual bloqueio de links não surpreende o advogado da sociedade PLMJ especializado em cibercrime Manuel Lopes Rocha: "É o único caminho para impedir o acesso a um conteúdo passível de causar danos. Não se pode ficar de braços cruzados à espera que os jovens se mutilem ou atirem de pontes." De resto, frisa, operadores da Internet como a Google ou o Facebook têm já apertados códigos de conduta que os leva a eliminar determinados conteúdos. "A Internet está menos desregulada do que acontecia há duas décadas", diz o mesmo jurista, elogiando a competência unidade de cibercrime que funciona na Procuradoria-Geral da República.

Do lado de quem combate a criminalidade online, há quem recorde que quando alguém vê o seu perfil bloqueado no Facebook ou noutra rede social lhe basta criar um perfil novo para prosseguir as suas actividades ilícitas. "A única forma de combater este flagelo é apostar na prevenção através dos pais, dos professsores e do aparelho do Estado", assegura um especialista. "O alarmismo não funciona, e a publicidade dos casos pode ter um efeito contraproducente, por suscitar a curiosidade dos jovens."

A PSP já veio aconselhar os pais a “manterem-se informados relativamente ao jogo e a alertar crianças e jovens para as suas implicações”, bem como a aumentarem a supervisão das actividades dos filhos na Internet e nas redes sociais.

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