Maria Luís Albuquerque diz que os portugueses devem estar preocupados com a dívida pública

Antiga ministra das Finanças defendeu que a dívida, por resultar da gestão ao longo dos anos, é um indicador mais importante do que o défice, que diz respeito a apenas um ano.

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Daniel Rocha

A ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque considerou nesta terça-feira que a dívida pública é um problema grande, referindo que os portugueses têm muitas razões para se preocupar antes de o país pedir dinheiro emprestado. "Os portugueses têm muitas razões para se preocupar com a divida pública, mas, como disse, temos que nos preocupar com a divida pública antes de estarmos a pedir dinheiro emprestado e temos que nos preocupar com as medidas que estamos a tomar que nos obrigam a pedir dinheiro emprestado e a elevar a divida pública", disse Maria Luis Albuquerque.

A antiga governante e vice-presidente do PSD falava aos jornalistas à margem do seminário a Privatizações das Empresas Portuguesas, que decorreu na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã, no distrito de Castelo Branco. "A divida pública é um problema grande. Nós temos mesmo que fazer diminuir a dívida, porque essa é que demonstra o nosso comportamento constante ao longo do tempo, e os problemas estruturais que o país tem, e que fez com que a divida acumulada tivesse crescido tanto", afirmou a vice-presidente do PSD.

O Banco de Portugal (BdP) divulgou nesta terça-feira que a dívida pública aumentou em Março para 243,5 mil milhões de euros, crescendo 23 milhões de euros face a Fevereiro e cerca 10 mil milhões face ao mês homólogo do ano passado. A instituição sinaliza ainda que a evolução da dívida pública foi acompanhada por uma diminuição dos activos em depósitos da administração central (de 3,1 mil milhões de euros). A dívida pública líquida de depósitos da administração central registou, assim, um aumento de 3,1 mil milhões de euros em relação a Fevereiro, totalizando 226,5 mil milhões de euros, indicam os dados do BdP.

A antiga ministra das Finanças explicou ainda que a dívida é o elemento mais importante que se pode observar, porque enquanto o défice é o resultado de um ano, a dívida pública é o resultado da gestão ao longo dos anos. "Aliás, esta ideia de ter medidas extraordinárias para ir sustentando um aumento da despesa corrente primária, tem a preocupação natural da insustentabilidade para o futuro", considerou.

A deputada recordou ainda que a divida pública é a "memória dos défices" e adiantou que, enquanto o país tiver défices", se estará a acrescentar à dívida. "Depois, se tivermos muito crescimento, a dívida no Produto Interno Bruto (PIB) pode reduzir-se, mas, enquanto tivermos uma despesa superior aquilo que é a receita do Estado, vamos sempre estar a aumentar a divida e esse é um indicador particularmente importante quando ela já atingiu 130% do PIB", concluiu.

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