Deputados enviam 30 perguntas a Mário Centeno sobre encerramento de balcões

Do Bloco de Esquerda ao CDS-PP, nem o PS escapou a questionar o Governo sobre as agências da Caixa a encerrar.

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Em Almeida, o protesto contra o encerramento de um balcão da CGD originou uma barricada LUSA/MIGUEL PEREIRA DA SILVA
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Manifestação contra o fecho de agências LUSA/JOÃO RELVAS
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Número de balcões a encerrar é de 61 LUSA/ANTÓNIO JOSÉ

Cartas ao Presidente, autarcas barricados, manifestações à porta da sede nacional da Caixa Geral de Depósitos. Os protestos contra o encerramento de 61 balcões do banco público intensificaram-se esta semana e levaram Marcelo Rebelo de Sousa a pronunciar-se sobre o caso concreto de Almeida, que originou a barricada. “Estou a acompanhar de perto o que se passa e estou naturalmente a compreender o estado de espírito que ali existe”, disse o Presidente.

Enquanto isso, no Parlamento, já deram entrada pelo menos 30 perguntas ao Governo sobre a reestruturação da rede de agências da CGD, a maior parte das quais (22) entregues por deputados da esquerda, incluindo do PS. O Bloco de Esquerda e o PCP foram os partidos que mais questões colocaram: oito cada um. O BE quis saber o que ia acontecer às agências de Faralhão, Lavradio, Canha, Almeida, Aveiro (duas perguntas diferentes), Cucujães e Branca. E o PCP pediu respostas para os balcões de Merelim, Gualtar, Gambelas, Silvares, Almeida, Ameijeira, Quinta do Amparo e Santa Luzia.

Apesar de pertencerem ao partido do Governo, os deputados do PS também enviaram seis perguntas ao ministro das Finanças, incluindo uma genérica sobre a “reorganização e redimensionamento da rede de balcões e de recursos humanos da Caixa Geral de Depósitos” e outras referentes às agências de Caneças, São Vicente da Beira, Pousos, Silvares e Caranguejeira.

À direita, o PSD fez cinco perguntas a Mário Centeno (sobre o encerramento de balcões em Gualtar, Merelim, Silvares, Paredes e Penafiel) e o CDS-PP três, referentes a várias agências em Almada, a uma em Canha e a outra no Lavradio.

A resposta do Governo aos deputados foi sempre a mesma e nela se explica que “um dos pilares da estratégia comercial da Caixa é a revisão do modelo comercial e o redimensionamento da rede de balcões, em termos que permitam à CGD manter a sua posição de liderança da banca de retalho doméstica ajustada ao potencial económico e de desenvolvimento de cada localidade”.

No que diz respeito aos trabalhadores, uma das preocupações centrais, o ministério de Mário Centeno refere que “não haverá despedimentos na CGD e que em caso de encerramento de qualquer agência, os trabalhadores que lhe estejam afectos serão realocados”.

Esta semana, dezenas de autarcas e populares do distrito de Setúbal vieram a Lisboa em protesto contra o encerramento de cinco agências da Caixa Geral de Depósitos (CGD) na região. “A Caixa é do povo, não pode encerrar”, gritavam os manifestantes mesmo à frente da sede da CGD, junto ao Campo Pequeno, empunhando bandeiras negras.

Miguel Tiago, deputado, acabou por se juntar aos protestos, em representação do PCP, e sublinhou que os portugueses não podem pagar uma injecção de dinheiro no banco público para este fechar balcões e prestar um pior serviço às populações.

Um dia antes, em Almeida, quase duas dezenas de habitantes e autarcas do concelho, também se haviam manifestado junto do balcão da CGD local. A situação extremou-se e o vice-presidente da Câmara de Almeida, assim como o presidente da junta de freguesia da aldeia, acabaram por se barricar no interior da agência - uma das 61 destinadas a encerrarem portas. Na zona Oeste, onde tinha havido uma manifestação em Março sobre este assunto, a Assembleia Municipal de Alenquer aprovou por unanimidade uma moção contra o fecho dos balcões da Merceana e da Abrigada. “As populações vêem-se privadas de serviços prestados por esta entidade com graves prejuízos para aqueles que recebem a sua reforma”, refere a moção, aprovada no dia 29.

Com estes encerramentos, população e empresários "ficam obrigados a recorrer ao balcão de Alenquer ou de Torres Vedras, que ficam a cerca de 20 e 30 quilómetros ida e volta", defendeu a Assembleia Municipal.

Recorde-se que o encerramento de agências foi negociado e acordado com Bruxelas e é uma das contrapartidas para que a recapitalização da CGD fique fora do conceito de ajuda de Estado.

 

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