Lacerda Machado vai ser presidente da assembleia geral da Pharol

Consultor do Governo para dossiês complexos vai para a "holding" que tem 27% da brasileira Oi e herdou a dívida de 900 milhões da Rioforte à PT.

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Lacerda Machado foi secretário de Estado da Justiça de António Costa, quando este foi ministro de António Guterres RUI GAUDÊNCIO

O advogado Diogo Lacerda Machado deverá ser o próximo presidente da mesa da assembleia-geral da Pharol, a holding que é accionista da operadora brasileira Oi e que reúne alguns accionistas da antiga PT, como o Novo Banco.

De acordo com os pontos da ordem de trabalhos da assembleia geral extraordinária da Pharol, que terá lugar no dia 26 de Maio, o advogado deverá ser eleito para completar o mandato para o triénio 2015-2017.

Lacerda Machado, amigo próximo do primeiro-ministro António Costa, que representou o Governo em dossiês complexos como a reversão da privatização da TAP (inicialmente sem contrato assinado), a negociação de uma solução para os lesados do BES ou a mediação do impasse gerado no BPI com o conflito entre o La Caixa e Isabel dos Santos, irá substituir no cargo João Vieira de Almeida, que renunciou no ano passado.

Neste momento, Lacerda Machado tem um contrato de assessoria com o Governo válido até ao final de Junho, pelo qual recebe uma retribuição mensal de dois mil euros. A seu cargo tem a actividade de “consultadoria estratégica e jurídica, na modalidade de avença, em assuntos de elevada complexidade e especialização, na área de competência do primeiro-ministro”, segundo refere o contrato publicado no portal Base.

A Pharol, que herdou a dívida de 900 milhões de euros da Rioforte (cuja capacidade de recuperação se tem revelado diminuta) e tem como principal activo uma participação de 27% na Oi, está dependente de que o processo de recuperação judicial desta empresa brasileira seja bem-sucedido para que o negócio não se revele totalmente desastroso para os seus accionistas.

Entre eles estão investidores históricos da antiga PT (que hoje pertence à Altice), como o Novo Banco (em processo de venda ao Lone Star) e a Visabeira, que hoje têm 9,56% e 2,64% do capital e votos da holding liderada por Luís Palha da Silva. Outro accionista de referência da Pharol é o BCP, que ficou com 6,17% do capital depois de executar uma dívida à Ongoing.

O Novo Banco e o BCP não são os únicos bancos presentes, ainda que indirectamente, no capital da Oi. Também lá está, por exemplo, o BNDES, o banco público brasileiro que é referido como o representante do Estado brasileiro no capital da operadora. O BNDES tem cerca de 5% da Oi.

A Pharol anunciou esta sexta-feira que os prejuízos caíram para 75,1 milhões de euros em 2016, face a perdas de 693,9 milhões de euros no ano anterior.
 

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