PSD quer saber onde andam os refugiados fugidos dos centros de acolhimento

Bancada questiona Governo sobre formação profissional e integração dos refugiados no mercado de trabalho e medidas para melhorar integração na sociedade portuguesa.

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Sociais-democratas querem saber onde estão as dezenas de crianças que terão abandonado os centros de acolhimento Enric Vives-Rubio

Perante as notícias que dão conta de que quatro em cada dez refugiados acolhidos em Portugal acabou por deixar o país, o PSD questionou o Governo sobre se tem alguma explicação para este fenómeno, qual o nível de integração dessas pessoas no mercado de trabalho e no ensino e se estão previstas medidas para melhorar o sistema de integração de pessoas refugiadas.

Em declarações aos jornalistas no Parlamento, a deputada Teresa Morais mostrou-se também preocupada especialmente com as dezenas de crianças que terão abandonado os centros de acolhimento, parte delas sem família em Portugal, por poderem ser integradas em redes de tráfico de menores ou objecto de exploração sexual. “É preocupante que já tenham desaparecido há algumas semanas e não tenha havido uma resposta cabal do Governo sobre onde estão e o que lhes aconteceu”, afirmou, acrescentando que as instituições desvalorizam o assunto e dizem que as crianças “vão embora durante uns dias e depois voltam quando têm fome”.

“Qual é o sistema de protecção de crianças e menores em que estão integradas? Não estão. As crianças refugiadas têm de ser tão ou mais protegidas do que as crianças portuguesas que estão em risco”, defendeu a antiga secretária de Estado dos Assuntos Parlamentares e da Igualdade.

Das 1255 pessoas acolhidas em Portugal ao abrigo dos programas de refugiados, 474 terão abandonado as instituições que as receberam, ou seja, 40% do total, o que é uma “das mais elevadas taxas de movimentos secundários na Europa”, diz o PSD. “Usam Portugal como uma espécie de passadeira”, especifica Teresa Morais, que critica a atitude do Governo: a ministra a Administração Interna por dizer que estas pessoas “não estão detidas” e que têm total liberdade de seguir para outro destino; e o ministro-adjunto por defende ser preciso intensificar a distribuição do kit informativo sobre o país.

“O modelo de integração não é mar de rosas que tem sido descrito, tem falhas”, apontou Teresa Morais, especificando que os refugiados “são colocados em meios rurais com os quais não se identificam por virem sobretudo de zonas urbanas”, “não aprendem português”, “não frequentam acções de formação profissional porque não sabem a língua e depois não se integram no mercado de trabalho por não terem essa formação. É um circuito vicioso.”

Na pergunta que enviaram ao ministro Eduardo Cabrita, os deputados sociais-democratas dizem também que estes movimentos secundários de refugiados acolhidos em Portugal têm sido discutidos na Unidade de Coordenação Antiterrorista “com o objectivo de sinalizar a eventual radicalização de pessoas que integram estas populações”. Além de quererem saber se há alguma explicação para esta fuga dos refugiados, pedem também estatísticas sobre a frequência de cursos de português, formação profissional e empregabilidade, perguntam qual o tipo de monitorização sobre cada acolhido que é feito e que medidas pondera o Governo tomar para melhorar a integração dos refugiados que recebe.

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