Trump vai afinal renegociar o NAFTA

Presidente americano informou o México e Canadá da intenção de renegociar acordo de comércio.

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Reuters/CARLOS BARRIA

Afinal não é para acabar, mas sim para renegociar. Os Estados Unidos vão renegociar o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA, na sigla em inglês) com o México e o Canadá.

A posição dos Estados Unidos foi anunciada num comunicado na quarta-feira à noite, assinado por Donald Trump, após conversas telefónicas com o Presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, e o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau.

“Acredito que o resultado final vai tornar os três países mais fortes e melhores”, diz o comunicado, citado pelo The New York Times.

Este anúncio surgiu horas depois de a imprensa norte-americana ter noticiado, citando fontes da administração Trump, que o Presidente se estava a preparar para assinar um decreto para iniciar o processo de retirada dos EUA do NAFTA, dias antes de cumprir os seus 100 dias na Casa Branca.

Durante a campanha eleitoral, Donald Trump chegou a qualificar o NAFTA como o pior acordo comercial da história, afirmando que o acordo era responsável pela destruição de empregos. A ameaça da saída dos EUA de um dos maiores blocos comerciais do mundo fez cair as moedas mexicana e canadiana.

Já durante a manhã desta quinta-feira, o Presidente norte-americano reiterou a decisão na sua conta do Twitter, afirmando ter sido contactado pelos presidentes do México e do Canadá, apelando à renegociação do acordo. O líder norte-americano sublinha que esta não é uma decisão definitiva e que, caso não sejam conquistadas as reestruturações pretendidas, os EUA podem mesmo terminar o acordo.

Este acordo de comércio livre, entrou em vigor em 1994, durante a presidência de Bill Clinton, e incide sobre as relações comerciais entre os EUA, México e Canadá, eliminando as tarifas sobre uma grande quantidade de bens transaccionados no continente.

Este não seria o primeiro acordo comercial do qual Trump se afastaria. A 23 de Janeiro, três dias depois de assumir a liderança da Sala Oval, Trump retirou os EUA do acordo transpacífico de comércio livre, uma parceria comercial assinada em 2015 por Barack Obama, e que abrangia 12 países da Ásia e do Pacífico, representando quase 40% da economia global e um terço do comércio mundial. Trump considerava-o “um desastre”, afirma Alex Lawrence, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

A saída de Trump cumpriria uma das suas promessas eleitorais, mas não agrada a todos os norte-americanos que votaram no candidato do Partido Republicano. A Associação Nacional de Cultivadores de Milho, por exemplo, publicou um comunicado dirigido ao Presidente norte-americano, lembrando que "os agricultores norte-americanos contribuíram para a eleição" de Trump e destacando que a saída do acordo seria "desastrosa" para a agricultura do país, da qual os mercados agrícolas "nunca iriam recuperar".

A data para a renegociação do tratado não é ainda conhecida. Escreve a Reuters que o Governo mexicano apontava Agosto como data para renegociar o acordo, mas poderá agora - face à pressão norte-americana - ser antecipada. Esta terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros mexicano garantiu que preferia afastar-se da mesa de negociações do que aceitar um mau acordo. Já o Canadá mostrou-se "pronto" para discutir os pormenores do acordo "a qualquer momento", cita a Reuters.

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