Tailandês transmite assassinato da filha e comete suicídio

Vídeos estiveram online 24 horas antes de serem retirados. Facebook teve de lidar com reacções indignadas.

A mãe da criança no funeral
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A mãe da criança no funeral Reuters/STRINGER
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A mulher segura o corpo da sua filha Reuters/STRINGER
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Jiranuch Triratana tem um filho de cinco anos de outra relação Reuters/STRINGER
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O homem estava convencido que a mulher o abandonaria Reuters/STRINGER
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Caso chocou e indignou a Tailândia Reuters/STRINGER

Um tailandês de 20 anos filmou-se, em directo, a tirar a vida à filha de 11 meses e colocou dois vídeos com o acto na rede social Facebook antes de se suicidar, informou a polícia tailandesa, nesta terça-feira.

Durante 24 horas, os vídeos estiveram disponíveis na conta de Facebook do pai da criança, mas acabaram por ser bloqueados por volta das 5h da madrugada no país (10h em Portugal continental), cerca de um dia depois de terem sido disponibilizados. "Este é um incidente terrível e os nossos corações estão com a família da vítima", disse um porta-voz do Facebook baseado em Singapura num email para a Reuters. "Não há absolutamente nenhum lugar para conteúdos deste tipo no Facebook e agora [o vídeo] foi retirado."

Assassinatos, suicídios e agressões sexuais têm atormentado esta rede social. Também esta terça-feira um tribunal sueco condenou à prisão três homens pela violação de uma mulher, acto que foi transmitido ao vivo no Facebook. Na semana passada, a empresa disse que estava a analisar como monitorizar imagens violentas e outro material censurável após um homem ter morto outro em Cleveland, Ohio, EUA.

As imagens da Tailândia mostraram Wuttisan Wongtalay a amarrar uma corda ao pescoço da sua filha, Natalie, antes de deixar cair a criança, que envergava um vestido rosa brilhante, do terraço de um prédio desabitado em Phuket, uma cidade do litoral. O suicídio do homem não foi transmitido, mas o seu corpo sem vida foi encontrado ao lado do da sua filha, disse Jullaus Suvannin, responsável policial pelo caso. "Ele sofria de paranóia e estava convencido de que a mulher ia deixá-lo e já não o amava", informou ainda o responsável.

A mulher de Wuttisan, Jiranuch Triratana, disse à Reuters que viveu com o homem durante mais de um ano; no início, o relacionamento era bom, mas o homem tornou-se violento e chegou a bater no seu filho de cinco anos, fruto de um casamento anterior. A mulher percebeu de imediato que alguma coisa estava mal quando se deu conta de que Wuttisan saíra de casa com a menina. "Eu tinha medo que ele fizesse mal à nossa filha, mesmo amando-a", acrescentou. 

O Ministério da Economia Digital da Tailândia disse que contactou o Facebook na terça-feira à tarde para pedir que os vídeos fossem retirados da rede, depois de receber um pedido da polícia. "Nós entrámos em contacto com o Facebook e este retirou os vídeos", disse o porta-voz do ministério, Somsak Khaosuwan. Acrescentou que o Governo não tomará nenhuma iniciativa contra a empresa. "Agiram de acordo com seu protocolo quando enviámos o nosso pedido. Cooperaram inteiramente", justifica o porta-voz.

Após a empresa ter tido de lidar com reacções indignadas por ter disponível o vídeo do assassinato de Cleveland, em que um homem mata em directo um idoso, o responsável máximo do Facebook, Mark Zuckerberg, disse que a empresa faria tudo o que pudesse para evitar conteúdos deste tipo no futuro. Assim, a rede social está a trabalhar num software que consiga sinalizar automaticamente os vídeos que podem ter conteúdo censurável. 

Os internautas tailandeses expressaram indignação ante os vídeos do assassinato da criança, que foram disponibilizados na segunda-feira pelo pai. Na Tailândia, este caso terá sido o primeiro a ter sido transmitido nas redes sociais, disse o porta-voz da polícia, Kissana Phathanacharoen. "Poderá ter sido influenciado pelo comportamento do exterior, mais recentemente em Cleveland", acrescentou. Entre Cleveland e agora o caso tailandês passaram nove dias.

O primeiro vídeo teve 112 mil visualizações na tarde na terça-feira, enquanto o segundo vídeo teve 258 mil visualizações.
 

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