Pyongyang em “ponto sem retorno” se fizer teste nuclear, adverte imprensa chinesa

"Dar um pequeno passo atrás facilitará a solução do conflito. Isso não significa ser cobarde, mas sim valente para enfrentar o desafio de maneira diferente", considera o jornal Global Times.

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Soldados norte-coreanos Reuters/KYODO

Um jornal do Partido Comunista Chinês (PCC) advertiu nesta terça-feira a Coreia do Norte de que vai entrar num "ponto sem retorno" se efectuar um novo teste nuclear, face à crescente tensão com Washington.

"Se a Coreia do Norte realizar o sexto teste nuclear, como se espera, o mais provável é que a situação chegue a um ponto sem retorno", avisou o Global Times, jornal de língua inglesa do grupo do Diário do Povo, o órgão central do PCC.

Os Estados Unidos ameaçaram já lançar um ataque preventivo, em resposta ao programa nuclear do regime de Kim Jong-un.

Todas as partes "assumirão as consequências", mas será Pyongyang a "sofrer as maiores perdas", considerou o Global Times, um dia depois de o Presidente chinês, Xi Jinping, ter pedido contenção ao homólogo norte-americano, Donald Trump.

O jornal alertou ainda Pyongyang para "sanções sem precedentes" da ONU e um ataque lançado por Washington contra instalações militares e nucleares norte-coreanas, que vão forçar o país a "tomar uma decisão de vida ou morte".

"A última coisa que a China quer ver" é a Coreia do Norte nesta circunstância ou o início de uma guerra, sublinhou o jornal, que destacou a "influência limitada" de Pequim sobre o país vizinho.

"Washington espera que Pequim contenha Pyongyang (...), como se isso fosse assim tão fácil, como dizer 'abracadabra'. A Coreia do Norte, por outro lado, espera que a China pressione os Estados Unidos e a Coreia do Sul, para que detenham as ameaças de guerra. Pequim não pode satisfazer ambos", escreveu.

O jornal aconselhou o regime norte-coreano a "ser flexível" neste momento, louvando o desenvolvimento independente após a Guerra da Coreia (1950-53) e a soberania do país, "muito maior" do que a do vizinho do Sul.

"Dar um pequeno passo atrás facilitará a solução do conflito. Isso não significa ser cobarde, mas sim valente para enfrentar o desafio de maneira diferente", considerou.

Este aviso surge no dia em que a Coreia do Norte celebra o 85.º aniversário das suas forças armadas e que teme um novo teste norte-coreano.

O regime de Kim Jong-un aproveita muitas vezes efemérides para mostrar a sua capacidade militar.

As manobras anuais conjuntas que a Coreia do Sul e os Estados Unidos realizam nesta altura do ano, no sul da península coreana – que a Coreia do Norte interpreta como um simulacro de uma invasão – juntam-se à chegada iminente à zona do porta-aviões de propulsão nuclear norte-americano "Carl Vinson" e da respectiva frota.

O Pentágono decidiu, há duas semanas, enviar o contingente como resposta a um míssil disparado a 5 de Abril por Pyongyang.

Na segunda-feira, a Coreia do Norte afirmou que iria responder com “golpes mortais” a qualquer provocação por parte daquela frota.

A este cenário, junta-se a possibilidade de o exército norte-coreano, que há dez dias exibiu numa grande parada militar o que aparentam ser novos mísseis balísticos intercontinentais, decidir realizar um sexto ensaio nuclear.

As mais recentes imagens, capturadas por satélite, da base de testes nucleares de Punggye-ri, no nordeste do país, mostraram intensa actividade nas instalações.

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