Venezuela: "Marcha do silêncio" da oposição para denunciar violência que fez 20 mortos

Partidos continuam a pressionar Nicolás Maduro. Querem eleições antecipadas. Para segunda-feira está marcado um dia de "bloqueio nacional" das estradas.

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Henrique Capriles (de boné) e Lilian Tintori (mulher de outro líder da oposição, Leopoldo Lopéz, que está preso), na frente da marcha Carlos Garcia Rawlins/Reuters

Chama-se "Marcha do silêncio" o protesto que decorre na tarde deste sábado em Caracas, a capital da Venezuela. Foi marcado pela oposição, para denunciar a violência nas manifestações anti-Governo, que, desde o início dos protestos, há três semanas, fez 20 mortos.

Militares e polícias vigiaram a marcha, uma mancha branca, a cor que os organizadores pediram que os participantes usassem. O jornal venezuelano El Universal diz que as forças da ordem estão a permitir a passagem da marcha, cujo destino é a sede episcopal. Em alguns pontos de partida, padres rezaram com os participantes - o Governo acusa a Igreja Católica de ser um "actor político" por estar ao lado dos opositores.

Há três semanas que os protestos contra o Governo liderado pelo Presidente Nicolás Maduro eclodiram. Mas intensificaram-se a partir de quarta-feira, quando se realizou uma grande mobilização em Caracas e noutras cidades. Em confrontos, morreram cinco pessoas (uma delas um militar), quase todas baleadas. Mais 11 pessoas morreram numa pilhagem a uma padaria - um cabo de alta tensão caiu e electrocutou-as.

Os partidos da oposição, que desde o final de 2015 detêm a maioria do Parlamento - que acusa o Governo de ignorar as decisões do órgão legislativo -, prometeram não abrandar os protestos até conseguirem o seu objectivo: eleições presidenciais antecipadas. As regionais deveriam ter-se realizado no ano passado, mas foram adiadas — segundo a oposição, porque Maduro receia perder mais terreno, numa repetição do que aconteceu nas legislativas.

Perguntas e Respostas sobre a situação na Venezuela

As presidenciais estão marcadas para 2018. Um dos principais líderes da oposição, Henrique Capriles, que perdeu as últimas eleições para Maduro por 1,5% e que é governador do estado de Miranda, foi acusado de irregularidades e proibido de se candidatar a cargos públicos durante 15 anos.

Na noite de sexta-feira para sábado, a violência eclodiu novamente e as forças de segurança lançaram gás lacrimogénio para dispersar os grupos. Segundo contaram testemunhas, citadas no Twitter pela AFP, homens em motorizadas (brigadas pró-Governo) percorreram as ruas principais de Caracas, causando o pânico na população.

Governo e oposição acusam-se mutuamente por esta espiral de violência. Mais de 600 pessoas foram detidas desde quarta-feira.

Para segunda-feira está previsto um dia de "bloqueio nacional" das estradas.

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