Os votos mais úteis

Restam os muitos conservadores anti-"Brexit" que irão votar e os camaradas brexiteiros que ficarão em casa pensando que Theresa May ganhará sem a ajuda eles.

Já começou. Ia tudo tão bem encaminhado para um desaire de Theresa May nas eleições e eis que aparece Bill Gates a avisar o Guardian que vai morrer muita gente se os Tories cortarem na ajuda externa. O jornal apresentou-o como se tivesse exortado todos os cidadãos do Reino Unido a votar contra os Tories. Mais tarde (depois de uma apitadela de Gates?) apareceu isto: "Este artigo foi emendado a 20 Abril para tornar claro que Bill Gates não disse que Theresa May quer cortar o orçamento da ajuda externa. Limitou-se a comentar as consequências potenciais de um corte".

Já o Spectator, graças a um telefonema separado, conseguiu mostrar Gates como um pregador no deserto, dando sermões ao governo britânico, ora dando pancadinhas nas costas, ora sacudindo o dedo indicador. O efeito político foi desafiar Theresa May a desiludir de vez o famoso filantropo.

No New Statesman o admirável Peter Wilby dava um bom conselho: "Nunca pensei que viesse a escrever uma coisa destas mas, nos círculos eleitorais onde os trabalhistas não têm hipótese, os apoiantes deveriam apertar o nariz e votar nos LibDems".

Caroline Lucas, a líder dos Greens, já tinha pedido um pacto eleitoral entre trabalhistas, liberais-democratas e verdes. Corbyn disse logo que não mas, como lembrou Wilby, são os eleitores que, um a um, decidirão o total de votos úteis.

Restam os muitos conservadores anti-"Brexit" que irão votar e os camaradas brexiteiros que ficarão em casa pensando que Theresa May ganhará sem a ajuda eles...

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