Sindicato dos Jornalistas apresenta queixa na ACT contra Cofina

A direcção do sindicato refere que os delegados sindicais que pediram o mapa de pessoal a ser despedido pela Cofina viram o pedido ser recusado.

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O Grupo Cofina confirmou na semana passada que avançou com um despedimento colectivo de mais de 50 pessoas Miriam Lago / PUBLICO

A direcção do Sindicato dos Jornalistas (SJ) anunciou esta quinta-feira que apresentou queixa na Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) contra o grupo Cofina, dono do Correio da Manhã, depois de a administração ter rejeitado prestar informação aos delegados sindicais.

Em comunicado, o SJ refere que "em causa está o plenário realizado no dia 19 de Abril de 2017, às 16h, no edifício do grupo Cofina, no contexto da intenção de despedimento colectivo anunciada pela empresa e que é do domínio público". Segundo o SJ, "previamente ao plenário, os delegados sindicais que o convocaram, ambos trabalhadores no jornal Record, pediram os mapas de pessoal, a que têm direito por lei, pedido que lhes foi recusado".

De acordo com a estrutura sindical, "o dever de reserva alegado pela empresa não tem qualquer justificação legal" e, "além disso, se a empresa estivesse de boa-fé, compreenderia que o acesso a tal informação é essencial à defesa legal dos trabalhadores abrangidos na intenção de despedimento colectivo". Por isso, o SJ decidiu "pedir a intervenção da ACT, com carácter de urgência, dado que o processo de intenção de despedimento colectivo está em curso e a informação em causa é de crucial importância para a defesa jurídica dos trabalhadores visados". A queixa foi enviada por carta registada à ACT.

Em 11 de Abril, fonte oficial da Cofina Media disse à Lusa que tinha avançado com um despedimento colectivo de mais de meia centena de trabalhadores, na sequência da reorganização interna que já tinha sido anunciada.

Em declarações à Lusa, em 6 de Março último, fonte oficial da Cofina tinha afirmado que o grupo tinha ajustado as equipas, reduzindo a imprensa, e que não colocava "de lado a utilização dos meios legais disponíveis", se tal fosse necessário, "para ajustar a actividade às tendências de mercado". Na altura, questionada sobre rescisões voluntárias no grupo, a mesma fonte tinha referido que a empresa vinha a "ajustar as suas equipas, reduzindo na imprensa e apostando cada vez mais no digital, na multimédia".

O lucro da Cofina caiu 14,4% em 2016, face ao ano anterior, para 4,3 milhões de euros, e as receitas operacionais recuaram 0,7% para 99,9 milhões de euros.

No documento de divulgação de resultados, em 3 de Março, o grupo tinha referido que iria "aprofundar a sua política de reforço da eficiência operativa como forma de fazer frente ao ambiente de mercado extremamente adverso", salientando que "serão aprofundadas medidas de corte de custos nas áreas mais expostas ao ciclo e, em simultâneo, serão reforçadas as áreas de crescimento, como sejam a televisão e o online".

Numa informação interna, a que a Lusa teve acesso no início de Março, é referido que a quebra de receitas de publicidade continua e acentuar-se no início deste ano, pelo que a Cofina decidiu avançar para um programa de corte de 10% de custos.

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