Medicamento para epilepsia terá causado mais de 2000 malformações congénitas em França

Agência do Medicamento de França concluiu que o fármaco para epilepsia e distúrbio bipolar Valproato provocou entre 2150 a 4100 malformações congénitas nos últimos 50 anos.

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NFACTOS/Fernando Veludo/Arquivo

A Agência do Medicamento de França concluiu que o fármaco para epilepsia e distúrbio bipolar Valproato provocou entre 2150 a 4100 malformações congénitas em crianças de mães tratadas com o fármaco nos últimos 50 anos.

A conclusão, divulgada no site da agência francesa, consta de um estudo feito desde a altura em que este medicamento começou a ser disponibilizado, em 1967, até 2016. Mais conclusões serão apresentadas no segundo semestre deste ano.

Já em 2016, a Agência Portuguesa do Medicamento (Infarmed), alertava para a possibilidade de o Valproato causar malformações congénitas.

Aliás, no resumo das características do medicamento consta o seguinte alerta: "Atenção - Valproato pode causar malformações congénitas e alterações no desenvolvimento precoce da criança se for tomado durante a gravidez. Se é uma mulher em idade fértil deve usar um método contraceptivo eficaz durante o seu tratamento. Informe imediatamente o seu médico se ficar grávida ou pensa que pode estar grávida".

Em resposta ao PÚBLICO, o Infarmed explica que “existem diversos medicamentos com ácido valproico e Valproato semisódico, nas suas diferentes apresentações, formas e dosagens”, acrescentando que “os medicamentos em causa nunca foram retirados”, isto porque “continuam a ter benefícios que superam os riscos, não se colocando questões de segurança adicionais”. Mas avisa: “Desde que sejam tomados de acordo com as indicações aprovadas e segundo prescrição médica”.

Em França o medicamento tem sido fabricado pela empresa Sanofi sob a marca Depakine, para os casos de epilepsia, e Depakote e Depamide, no que toca a distúrbios bipolares, diz a Reuters. Esta medicação tem também efeitos no desenvolvimento neurológico.

A farmacêutica já reagiu em comunicado indicando que tem sido “totalmente transparente com as autoridades da saúde”, cita a BBC. “Estamos conscientes da situação dolorosa enfrentada pelas famílias de crianças que apresentam dificuldades que podem estar relacionadas com o tratamento antiepiléptico da mãe durante a gravidez”, diz ainda a Sanofi. Com Lusa

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