Mourinho Félix critica "rating" de lixo atribuído a Portugal

O secretário de Estado adjunto e das Finanças defendeu hoje que será cada vez mais difícil para as agências de 'rating' justificarem o nível de 'lixo' atribuído a Portugal, afirmando que o país hoje não é o mesmo que em 2014.

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Enric Vives-Rubio

"Eu diria que as três agências de notação financeira [que atribuem nota 'lixo' ao país] vão ter cada vez mais dificuldades em explicar como e porquê mantiveram o 'rating' por um tempo prolongado no tempo, quando Portugal em 2017 é muito diferente de em 2014", afirmou Mourinho Félix.

O secretário de Estado falava à televisão norte-americana CNBC à margem do encontro de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, na véspera de a agência canadiana DBRS voltar a olhar para o 'rating' atribuído a Portugal.

Recorde-se que a DBRS é a única que atribui uma nota de investimento a Portugal, ao contrário da Moody's (que prevê olhar para Portugal a 5 de maio), da Fitch e da Standard and Poor's (S&P), que mantêm Portugal no nível de 'lixo', o que encarece os custos do financiamento soberano e das empresas portuguesas.

Apesar disso, Mourinho Félix considera que as agências estão a "compreender cada vez mais" a credibilidade e avanços da economia portuguesa, defendendo que a estabilidade política e a consolidação orçamental já não são problemas.

"Os problemas apontados agora são os bancos e os créditos não performativos", afirmou o governante, apontando a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD) como um exemplo de que os problemas estão "quase resolvidos".

Na terça-feira, o FMI divulgou o 'World Economic Outlook', no qual melhora as projecções da economia portuguesa para 2017, antecipando agora um crescimento de 1,7%, acima dos 1,1% anteriormente esperados, mas ligeiramente abaixo da estimativa do Governo de 1,8%.

Na entrevista à CNBC, o secretário de Estado voltou a insistir nas polémicas declarações do presidente do Eurogrupo, afirmando que "o tempo vai encarregar-se de Jeroen Dijsselbloem".

No final de Março, Jeroen Dijsselbloem afirmou ao jornal Frankfurter Zeitung que "não se pode gastar todo o dinheiro em copos e mulheres e depois pedir ajuda", referindo-se aos países do Sul da Europa, o que motivou várias críticas e um pedido de demissão pelo Governo português.

"Portugal e o Governo português mantêm tudo o que foi dito desde o momento em que Dijsselbloem expressou ideias erradas e maus modos", afirmou Mourinho Félix.

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