Bebé de três meses interrogado por suspeita de terrorismo após erro em formulário

À pergunta “esteve envolvido em actividades terroristas?”, o avô da criança respondeu erradamente que sim. O bebé foi levado para interrogatório na embaixada dos EUA apesar de ainda não saber falar.

Foto
O avô do bebé diz que dificilmente um terrorista se admitiria como tal no formulário DANIEL ROCHA/ARQUIVO

Um bebé de três meses foi convocado para um interrogatório na embaixada dos Estados Unidos em Londres, na semana passada, depois de o seu avô se ter enganado a preencher um formulário de autorização de voo e o ter identificado, por engano, como terrorista. O bebé, Harvey Kenyon-Cairns, ia voar com a sua família pela primeira vez de Manchester, em Inglaterra, para a Florida, nos Estados Unidos, onde iriam passar férias.

A origem do problema esteve numa das perguntas que integram o formulário dos serviços fronteiriços ESTA — Sistema Electrónico para Autorização de Viagens, uma pré-autorização para que estrangeiros possam embarcar num voo que tenha como destino os EUA. Na questão “procura envolver-se ou já esteve envolvido em actividades terroristas, espionagem sabotagem ou genocídio?”, Paul Kenyon, o avô do bebé, escolheu a resposta “sim” em vez de “não”.

E só se apercebeu do erro quando a viagem da criança foi rejeitada. “Não pude acreditar que não conseguiram perceber que se tratava de um erro genuíno e que um bebé de três meses era inofensivo”, referiu Paul Kenyon, de 62 anos, citado pelo The Guardian.

O bebé teve, então, de ser levado da sua residência em Poyton, perto da cidade de Manchester, para Londres para prestar depoimentos na segunda-feira passada, acompanhado pela família. Só o tempo de ir e voltar – cerca de dez horas – levou tanto tempo como demoraria a viagem de avião para o destino marcado: Orlando.

“É óbvio que ele [o bebé] nunca esteve envolvido em genocídio, espionagem, mas já sabotou algumas sestas”, brinca o avô. Apesar de o bebé ter sido ilibado de qualquer suspeita, o erro no preenchimento do formulário custou 3500 euros (3000 libras esterlinas), já que a nova autorização de voo não chegou a tempo da viagem e a família teve de comprar novos bilhetes para o bebé e para os seus pais. “Foi um erro que custou caro”, admite Paul Kenyon.

O avô escolheu ver o lado engraçado da situação. Ainda pensou em levar o neto vestido com um fato-macaco laranja – similar aos que usam nas prisões – para o interrogatório mas recuou na decisão. “Eles não pareciam ter sentido de humor e não conseguiam ver o lado engraçado”, disse.

Paul Kenyon gostava que o erro se tivesse resolvido mais rapidamente e afirma que, de qualquer das formas, dificilmente um terrorista preencheria que “sim” no formulário.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários