Pedro Mestre agora em DVD: “Uma força enorme do Alentejo em palco”

O concerto com que Pedro Mestre e convidados esgotaram o Grande Auditório do CCB, em Lisboa, chega agora a DVD. Um orgulho renovado para o cante alentejano.

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Pedro Mestre: “Estamos a conseguir conquistar outra realidade” RITA CARMO

Chamou-se Pedro Mestre & Convidados e esgotou a lotação do Grande Auditório do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, na noite de 22 de Setembro de 2015. Ano e meio depois, esse espectáculo foi editado em DVD, com grande satisfação dos músicos envolvidos. “Na verdade trouxemos um bocado do Alentejo até Lisboa”, diz Pedro Mestre, cujo CD Campaniça do Despique (que esteve na base do espectáculo) foi distinguido no final desse mesmo ano com o Prémio Carlos Paredes.

No CCB estiveram, além de Pedro Mestre (voz e viola campaniça), os outros três elementos do grupo 4 ao Sul (a que ele também pertence), José Manuel David, Rui Vaz e José Barros, além de António Zambujo, Janita Salomé, Fábia Rebordão, Jorge Fernando, David Pereira, Pedro Calado, José Diogo Bento, o Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de S. Bento, os músicos Tânia Lopes (percussão), Aline Santos (flauta transversal), Henrique Leitão (guitarra portuguesa) e Vasco Sousa (viola baixo e contrabaixo), a Banda Filarmónica 1.º de Janeiro, os bailarinos António Guerreiro e Inês Firmino e o Grupo de Fitdance de Almodôvar. Um verdadeiro exército. Nos temas, a par de todos os que integram o disco (de Brota a água a O que é feito das mondadeiras?, passando por Qual de nós valerá mais?; a única ausente foi Ti Mariana), fizeram-se ainda ouvir tema como Ode ao vinho (letra de Hélia Correia na voz de Janita Salomé), O meu chapéu, Canta alentejano canta, Chuva, No rumo ao sul, Entrudo, Gotinha de água ou Quatro raparigas.

Novo disco no horizonte

O espectáculo já correu outras cidades (como Serpa) e após esta edição em DVD, Pedro Mestre está a pensar num novo CD, sucessor de Campaniça do Despique: “Provavelmente o repertório há-de levar a outro caminho, onde mostraremos mais alguma coisa daquilo que é a cultura do Alentejo.” Será um misto de tradicionais e de temas inéditos, de vários autores. “Terá sempre recolhas do cancioneiro com arranjos nossos, meus e do José Manuel David, que irá também assegurar a direcção musical do trabalho. É de todo impossível cantar o Alentejo e ignorar o cancioneiro. Porque é tão rico e tão vasto que poderíamos fazer vários discos.” O novo disco não tem ainda nome. “Existe uma peça muito antiga que se chama Mercado dos amores. E eu pensei ir um pouco por aí, porque são tantos os amores que nos ligam à música que poderá ser esse o caminho. Pensei também num outro tema que cantámos no espectáculo e que não entrou do disco, que é o Canto alentejano canta.”

Mas talvez Mercado dos Amores venha a ser o título do disco que se segue. “Porque nos mercados muita coisa acontece. E isso leva-nos a divagar por uma série de coisas.” Um novo espectáculo, por exemplo. “Espero que se consiga arrastar o Alentejo, e não só, atrás desse espectáculo. Porque aquilo que se pretende é que cada vez mais se possa sensibilizar e mostrar ao grande público este tipo de música. O Campaniça do Despique, que apresentámos no CCB e está neste DVD, mostra uma força enorme do Alentejo em palco.”

Pedro Mestre, que completou 33 anos no final do ano passado (nasceu em 1983 na aldeia de Sete, em Castro Verde, distrito de Beja), assinala ainda uma mudança de intenções e gostos nos próprios alentejanos: “Um gosto de se se sentir orgulho em se ser quem é”, diz. “Lembro-me de que, quando eu era criança, os meus colegas não podiam sequer pensar que tinham no seu grupo de amigos alguém que fazia música dos velhos. Mas agora temos muita juventude a aderir ao cante, há espectáculos e eventos em volta do cante só de jovens, e com muita qualidade. Estamos a conseguir conquistar outra realidade.”

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