Um papel na música, sem estereótipos

Foto

Girls want to have fun… and their place in the music business juntou no mesmo painel Carmen Guiba, a programadora Maimuna Manneh-Fye (da Gâmbia), a editora Amanda Jones (de Inglaterra, ligada à Real World Records e a um dos grandes festivais das músicas do mundo, o Womad), a editora Binetou Sylla (de origem senegalesa, nascida em França, e directora da referencial Syllart Records) e a cantora e maestrina Lúcia Cardoso (de Cabo Verde). Coincidentes no diagnóstico de uma absoluta escassez de interlocutoras femininas na indústria da música, argumentando que em geral, e sobretudo em África (por comparação à Europa), “a maioria acredita ser preparada para captar a atenção do homem e para se dedicar ao casamento”, defenderam uma ‘sisterhood’ que as reforçasse como companheiras de luta e não rivais em disputa pelos poucos lugares acessíveis. E até quando Binetou Sylla destoou ao recusar a pressão adicional de ainda ter de se assumir como modelo, Carmen lembrá-la-ia que o é independentemente da sua vontade e Lúcia Cardoso apresentaria a prova final: “Herdaste a empresa do teu pai mas não a vendeste, tomaste-a nas mãos.”

A invisibilidade faz com que ao procurar músicos ou produtores Binetou tenha de pedir especificamente por nomes de mulheres para não trabalhar apenas com homens ou que a vocalista dos Gato Preto garanta que no caso de querer tocar com uma baixista tem de procurar afincadamente para chegar até algum nome. Naquele momento, no entanto, não seria preciso ir muito longe. A assistir à conferência encontrava-se Nelly Cruz, baixista que acompanha a cantora Elida Almeida e que é a primeira mulher instrumentista cabo-verdiana a profissionalizar-se. Nelly aprendeu a tocar viola com o avô, “que era tocador de bairro”, conta ao PÚBLICO. “Sempre tive um interesse maior do que o meu irmão e o meu primo, e o meu avô percebendo esse interesse dedicou-se mais a ensinar-me.

O PÚBLICO viajou a convite da Tumbao

Sugerir correcção
Comentar