CEO da United não gostou do que viu, mas acusa passageiro de ser "indisciplinado" e "beligerante"

Num e-mail enviado aos trabalhadores da companhia aérea, Oscar Muñoz diz-se perturbado pelo que aconteceu, mas defende os seus funcionários e acusa o passageiro expulso e agredido de não ter cooperado.

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Oscar Muñoz foi distinguido em Março pela revista PRWeek como Comunicador do Ano nos Estados Unidos Reuters/Lucas Jackson

Todos viram esta segunda-feira o vídeo do passageiro arrastado por seguranças para fora do avião da United Airlanes que iria viajar entre Chicago e Louisville. Todos viram e leram a notícia. Incluindo, naturalmente, o CEO da companhia aérea, Oscar Muñoz, que apresentou um pedido de desculpas público e prometeu colaborar com as autoridades na investigação do caso. Essa foi, porém, a reacção para o exterior. Internamente, Muñoz defendeu num e-mail enviado aos trabalhadores da companhia que os funcionários presentes na avião “seguiram os procedimentos previstos para lidar com situações como estas” e, apesar de se afirmar “perturbado por ver e ler sobre o que aconteceu”, acusa o passageiro expulso de ter sido “indisciplinado e beligerante”.

O caso provocou um tumulto nas redes sociais, depois de passageiros terem divulgado imagens em que se vê um passageiro ser forçado a abandonar o avião em que se preparava para viajar, acabando por ser ferido no processo. Tal aconteceu depois de, com o voo lotado e perante a necessidade da United embarcar quatro funcionários, ter sido requisitado que o mesmo número de passageiros se voluntariasse para abandonar o avião, pela qual receberiam um pagamento compensatório. Sem ninguém a aceder ao pedido, foi feito um sorteio. O passageiro expulso e agredido seria um médico que alegava não poder perder o voo, dado ter que se apresentar no consultório no dia seguinte.

No e-mail privado revelado pela Associated Press, Oscar Muñoz diz que, ainda que “lamente profundamente” o sucedido, apoia “categoricamente” todos os funcionários, e louva-os por “continuarem a fazer o possível e o impossível para assegurar que voamos da forma correcta”. Aponta ainda que, perante a recusa do passageiro em abandonar voluntariamente o avião, a equipa da United Airlines se viu obrigada a chamar a polícia do aeroporto.

O Departamento de Segurança Aérea de Chicago anunciou que um dos agentes envolvidos foi colocado em “baixa administrativa” (ou seja, foi suspenso) e que o seu comportamento não beneficia, “obviamente”, do apoio do Departamento. Segue-se uma investigação interna ao ocorrido.

Os efeitos do incidente estão já a chegar à bolsa, com as acções da companhia aérea a descerem quase 4% na abertura do mercado desta terça-feira. Concretamente, a descida foi de 3,8% para os 68.77 dólares (quase 65 euros).

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