Viagem de finalistas: polícia foi chamada a actuar várias vezes em hotel em Espanha

Polícia espanhola fala de 1200 alunos portugueses que causaram estragos num hotel. Até agora os números variavam entre os 800 e os 1000.

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Espanha é o destino privilegiados dos finalistas portugueses RUI GAUDENCIO

A polícia espanhola disse neste domingo que 1200 estudantes portugueses causaram danos de milhares de euros num hotel na costa sul de Espanha e que nos últimos dois dias as autoridades tiveram de actuar várias vezes por distúrbios.

Uma fonte da polícia em Torremolinos disse à agência noticiosa EFE que nos últimos dois dias as autoridades tiveram de actuar em várias ocasiões no Hotel Pueblo Camino Real, perto da cidade de Málaga, onde estavam instalados os jovens portugueses.

A polícia diz que um grupo de cerca de 1200 estudantes portugueses entre 14 e 17 anos causou estragos nos quartos na ordem dos 50 mil euros. A confirmarem-se estas idades, também estariam no local finalistas do 9.º ano de escolaridade, para além dos do 12.º.

O hotel confirmou o incidente, mas recusou-se a comentar, adiando mais esclarecimentos para uma conferência de imprensa que realizará amanhã.

Segundo o jornal espanhol El Pais, os jovens foram expulsos pela direcção da estância balnear depois de terem "destruído azulejos, atirado colchões pelas janelas, esvaziado extintores nos corredores do hotel e colocaram uma televisão na banheira", entre outros danos.

Por seu turno, o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, disse no sábado à Lusa que os serviços consulares já estão a acompanhar o caso e que os estudantes "encontram-se bem".

O secretário de Estado adiantou que a empresa que organizou a viagem "tinha seguro", mas o hotel em questão "entende que o seguro não é suficiente para cobrir" os danos causados.

No sábado, o responsável de uma das agências que organiza as viagens dos jovens portugueses ao sul de Espanha negou que tenham havido desacatos e desmentiu a ordem de expulsão. Nuno Dias, da agência Slide in Travel disse a vários órgãos de comunicação social portugueses que "os finalistas saíram no dia em que deviam ter saído, quando completaram as seis noites de hotel".

CONFAP apela a reflexão

Já neste domingo, a Confederação Nacional das Associações de Pais alertou as famílias para a importância de conhecerem as condições contratuais das viagens de finalistas quando assinam um termo de responsabilidade pelos filhos.

“As famílias devem conhecer os contratos quando assinam um termo de responsabilidade. Temos de saber o que estamos a assinar”, disse o presidente da CONFAP, Jorge Ascensão.

O dirigente da CONFAP alertou também para os riscos de fazer uma generalização do comportamento dos cerca de mil estudantes portugueses que regressaram a Portugal este fim-de-semana após alegados desacatos num hotel em que se encontravam em Espanha.

“Tanto quanto sabemos, terá sido uma dezena de jovens a ter comportamentos reprováveis”, afirmou Jorge Ascensão, convidando toda a sociedade a reflectir sobre o modelo educativo em que assenta hoje a escola.

Na sua opinião, o modelo de educação está demasiado centrado “nas classificações e no acesso ao ensino superior”, pelo que se impõe uma discussão sobre valores e limites que os alunos devem ter quando não estão nas aulas.

Questionado sobre este tipo de contratos, Jorge Ascensão alertou os pais para a necessidade de saberem em que condições autorizam a viagem dos filhos. “Acreditamos que as famílias dão os melhores conselhos aos seus filhos, mas estamos a falar de fenómenos de massas, as famílias são as primeiras responsáveis. Temos de garantir a segurança deles”, defendeu.

Para Jorge Ascensão, os problemas noticiados quase todos os anos com viagens de finalistas são “sinais de alerta” que devem levar a uma reflexão, nomeadamente se faz sentido este tipo de organização no ensino secundário.

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