Acervo da Cornucópia vai para o Museu Nacional do Teatro

Ministro da Cultura anunciou que o acervo da Cornucópia será doado ao Estado, que em contrapartida assumirá todas as despesas do encerramento da companhia.

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Na última sessão d'A Cornucópia, o Presidente improvisou uma última tentativa de salvar o teatro Nuno Ferreira Santos

O Estado vai ficar com o acervo da Cornucópia, que será integrado no Museu do Teatro e da Dança, e "pagará, como contrapartida, todas as despesas do encerramento da companhia" de Luís Miguel Cintra e Cristina Reis, afirmou esta segunda-feira à Lusa o ministro da Cultura.

Numa entrevista ao DN e à TSF divulgada no domingo, Luís Filipe Castro Mendes já anunciara que este acervo, que considerou “um bem patrimonial de grande importância”, iria ser integrado no Museu do Teatro. As suas mais recentes declarações sugerem que a colecção, que inclui os cenários concebidos por Cristina Reis ao longo da extensa história da Cornucópia, mas também trajes, fotografias, livros e documentação diversa, não foi formalmente adquirida pelo Estado, que a receberá como compensação por assumir as indemnizações a funcionários e outros custos decorrentes da dissolução da companhia.

O PÚBLICO tentou obter da co-directora da Cornucópia uma descrição mais detalhada da colecção e um comentário à sua anunciada transferência para o museu instalado no Palácio do Monteiro-Mor, mas Cristina Reis explicou que não queria, “neste momento”, fazer quaisquer comentários.

A notícia do encerramento do Teatro da Cornucópia foi conhecida em Dezembro. Na altura, Luis Miguel Cintra, fundador da companhia, disse que a decisão tinha sido tomada devido a cortes nos subsídios e pedia o estatuto de excepção como única forma de não fechar portas, possibilidade que o Governo não aceitou.

“Nós estamos a trabalhar, e já há muito tempo, com a Cornucópia”, afirma agora o ministro da Cultura nesta entrevista. “Uma vez assumida, pelo Luis Miguel Cintra, a decisão de terminar o teatro, tomámos a decisão de ir continuando a dar um apoio significativo à Cornucópia, para o futuro das instalações e do seu acervo”, acrescenta Castro Mendes

Em Dezembro passado, o Presidente da República deslocou-se à Cornucópia, no dia em que a companhia apresentava o seu espectáculo de despedida, numa tentativa de evitar o encerramento anunciado, mas Luis Miguel Cintra e Cristina Reis vieram logo depois afastar quaisquer dúvidas, divulgando um comunicado em que confirmavam que a Cornucópia iria mesmo encerrar e que a sua dissolução estava apenas dependente de “procedimentos legais” a cumprir.

No mesmo comunicado, os directores da companhia assumiam o desejo de que o património da Cornucópia, incluindo a casa onde funcionou ao longo de mais de 40 anos, com tudo o que contém, “pudesse ser aproveitado para fins culturais, não deixando que esse património viesse a constituir somente um valor capaz de colmatar indemnizações aos trabalhadores, a única dívida que a empresa que se extingue não tem porventura capacidade de resolver”.

Na sua entrevista ao DN e à TSF, Luís Filipe Castro Mendes confirma ainda o regresso das bolsas de criação literária, cujo regulamento já foi publicado, e que, a par dos três géneros em que eram habitualmente atribuídas – ficção, poesia e dramaturgia –, se abrem agora à banda desenhada e à literatura infanto-juvenil. Segundo o ministro, prevê-se que sejam atribuídas doze bolsas, que correspondem a um investimento total de 180 mil euros. Instituídas no final dos anos 90, as bolsas de criação literária foram suspensas em 2002 e nunca mais tinham voltado a ser atribuídas.

 

Notícia alterada às 16h45 para acresentar as declarações feitas esta segunda-feira pelo ministro da Cultura, que precisam as circunstâncias em que o Estado recebeu o acervo da Cornucópia.

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