Universidade de Coimbra vai apoiar Timor-Leste na gestão do Arquivo Nacional

Vão ser estabelecidos procedimentos para conservação e utilização de documentos.

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O reitor da UC referiu que a universidade tem "larga experiência" na conservação e gestão de documentos SERGIO AZENHA

A Universidade de Coimbra vai apoiar o Governo de Timor-Leste na gestão do Arquivo Nacional deste país lusófono, formando quadros e estabelecendo procedimentos para conservação e utilização de documentos, nos termos de um protocolo assinado nesta sexta-feira.

"Escolhemos a Universidade de Coimbra (UC), a quem estamos ligados por laços profundos, por se tratar de uma das mais antigas e prestigiadas do mundo", disse à agência Lusa o ministro de Estado, coordenador dos Assuntos da Administração do Estado e da Justiça e ministro da Administração Estatal de Timor-Leste, Dionísio Babo Soares, no final da cerimónia da assinatura do protocolo, na Sala do Senado da Reitoria da Universidade.

O ministro timorense refere que o Arquivo Nacional do seu país ainda está numa fase de arranque, mas conta com muitos documentos sobre a presença portuguesa (alguns datados do século XVI), arquivos da administração indonésia e um vasto acervo pós-independência.

"Há muito trabalho a ser feito, muitos documentos por classificar e por descobrir, e contamos com a experiência da UC para realizar esse trabalho importante", disse Babo Soares durante uma conversa com o reitor da UC, João Gabriel Silva, que antecedeu a assinatura do protocolo de cooperação.

O reitor destacou na sua intervenção a "larga experiência" da UC na conservação e gestão de documentos, que remonta a 1290, ano em que o rei D. Dinis assinou o Scientiae thesaurus mirabilis, documento que dá origem ao Estudo Geral.

Para demonstrar a riqueza do acervo da UC, João Gabriel Silva contou que entre os arquivos da Universidade constam em bom estado de conservação muitos documentos sobre Cristóvão Ferreira, o padre jesuíta que inspirou o filme Silêncio, de Martin Scorsese.

Nos termos do protocolo assinado esta sexta-feira, a parceria entre a UC e o Governo de Timor-Leste visa "estabelecer a cooperação, científica e cultural entre as duas instituições, em todos os campos de comum interesse, com vista à gestão de arquivos estatais e à formação de quadros da Administração Pública de Timor-Leste". Entre outras acções, o protocolo prevê "o desenvolvimento comum de programas de investigação científica ou técnica que visem, simultaneamente, aumentar o potencial dos dois organismos e estabelecer uma estreita ligação entre investigação científica, tratamento técnico e promoção do acesso ao património histórico à guarda do Arquivo Nacional de Timor-Leste".

A Universidade está desde Dezembro de 2016 a participar na preservação e dinamização do espólio de Max Stahl, o jornalista inglês que filmou o massacre ocorrido no cemitério de Santa Cruz, em Díli. O tratamento do acervo, constituído por mais de cinco mil horas de imagens de vídeo captadas pelo jornalista, foi objecto de um protocolo assinado entre a UC, a Universidade Nacional de Timor-Leste e o Centro Max Stahl.

"O objectivo é fazer cópias de segurança do arquivo de Max Stahl para se poder recuperar, caso aconteça alguma coisa", resumiu o reitor.

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