Passos diz que não se demite por mau resultado nas autárquicas

Líder do PSD deixou uma “observação” à actuação do Presidente da República, na entrevista que deu ontem esta quinta-feira à noite na SIC.

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Passos Coelho DR

Pedro Passos Coelho assegurou esta quinta-feira à noite que não se irá demitir de líder do PSD em função de um mau resultado autárquico. "Eu nunca me demitiria de presidente do PSD por causa de um resultado autárquico. Não estou com isto a dizer que não possa ter responsabilidades num bom ou mau resultado e que não saiba assumi-las", afirmou em entrevista à SIC.

Questionado pelos jornalistas sobre se se demite ou se se recandidata a líder do PSD se falhar o objectivo de ganhar as eleições autárquicas, Passos Coelho começou por dizer que se recusa a lançar a “instabilidade” para dentro do partido, o que também não fez enquanto primeiro-ministro. E sublinhou o significado local das eleições. “Ninguém esperará com certeza, como outras personalidades políticas, que eu invoque o resultado das autárquicas para abandonar o PSD”, afirmou, numa alusão a António Guterres que, em 2001, se demitiu de primeiro-ministro e do partido após um desaire eleitoral autárquico.

O líder do PSD desdramatizou as eleições autárquicas em geral e de Lisboa em particular, onde a candidata é a vice-presidente Teresa Leal Coelho. “Ela vai ter uma boa campanha e vai ter um bom resultado. Se não ganhar em Lisboa e noutros concelhos isso não será uma tragédia para o PSD, mas o nosso objectivo é ganhar”, afirmou. Sobre a hipótese de o ex-presidente da câmara do Porto Rui Rio vir a ser seu adversário no próximo congresso do partido, Passos Coelho garantiu não ter “receio” desse cenário e referiu estar “muito tranquilo com a liderança” que tem no PSD.

Crítica a Marcelo

A mensagem de normalidade também foi deixada para o Presidente da República. Não, Passos Coelho “não acha estranho” que Marcelo Rebelo de Sousa elogie medidas do Governo. Lembrando que o Presidente foi eleito com os votos do PSD, o líder social-democrata defendeu que Marcelo “não está em Belém para desenvolver a estratégia do PSD nem de qualquer outro partido”, e que está como “na sua tarefa", quando fornece "cooperação activa com os órgãos de soberania e com o Governo”. Mas deixou uma crítica: “Teria gostado de o ver defender, como Presidente da República, a importância da instituição Conselho de Finanças Públicas, que é independente e composta por pessoas com craveira internacional”. Na sua “observação”, como lhe chamou, à actuação de Marcelo, Passos Coelho disse que “podia ter defendido a independência e credibilidade do Conselho de Finanças Públicas” dos ataques dos partidos que suportam o Governo e do “próprio primeiro-ministro”.

Relativamente aos cenários de pré-coligação com o CDS para as legislativas, Passos Coelho escusou-se a fazer “futurologia” e deixou os dois cenários – com ou sem aliança pré-eleitoral – em aberto. Recusou também fazer cenários sobre uma possível interrupção da legislatura e a necessidade de se convocar eleições ou de arranjar uma solução de Governo dentro do actual quadro parlamentar. “Se [os partidos que apoiam o Governo] se vão entender até ao fim, não é uma questão para a qual eu seja chamado. Se eles não se entenderem, o Presidente da República é que tem uma palavra a dizer”, afirmou.

O líder do PSD reiterou as críticas à operação de venda do Novo Banco, mas recusou qualquer ligação do partido com o ex-secretário de Estado Sérgio Monteiro (que esteve responsável no Banco de Portugal pela venda do banco) e com Paulo Macedo, ministro no anterior Governo e actual presidente da Caixa Geral de Depósitos. Ainda sobre a banca, o antigo primeiro-ministro reiterou a opinião de que o montante de recapitalização da CGD é “excessivo”.  

Questionado sobre se considera a hipótese de Portugal precisar de outro resgate financeiro, Passos Coelho respondeu: “Eu espero bem que não”. E como ex-chefe de Governo disse não fazer “afirmações que possam causar pânico sobre matérias como esta”.

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