Fox News perde anunciantes após denúncias de assédio sexual de O’Reilly

Um dos apresentadores mais populares do canal norte-americano viu fugirem do seu The O'Reilly Factor marcas como a BMW, Hyundai, Mitsubishi e Mercedes-Benz após investigação do The New York Times.

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O'Reilly é conhecido por ser um conservador, ele diz-se tradicionalista Reuters/BRENDAN MCDERMID

Bill O’Reilly, o popular apresentador do canal de televisão norte-americano Fox News, deve estar a sentir um estrangulamento financeiro depois de 12 importantes empresas retirarem anúncios ao seu programa The O’Reilly Factor. Isto depois de serem conhecidos casos de assédio sexual da estrela a várias mulheres.

Marcas de automóveis como a Hyundai, a BMW, a Mitsubishi e também a Mercedes-Benz decidiram não colocar publicidade naquele que é o programa mais visto na televisão por cabo dos Estados Unidos, noticia o The Guardian nesta terça-feira. O mesmo fizeram as financeiras T Rowe Price e Credit Karma, a seguradora Allstate, as marcas de medicamentos Sanofi e GlaxoSmithKline, a fabricante de comida para animais Ainsworth e a marca de camisas Untuckit.

As decisões surgem depois de uma investigação do New York Times (NYT), publicada no fim de semana, que afirmava que O’Reilly e a Fox tinham pago 13 milhões de dólares a cinco mulheres, para que não acusassem o comentador – politicamente um conservador – de assédio sexual, abusos verbais e outros comportamentos inadequados. E para que não voltassem a falar do assunto.

O NYT diz ter entrevistado mais de cinco dúzias de pessoas relacionadas com os incidentes, incluindo algumas próximas de O’Reilly e das mulheres, acrescentando que os casos se reportam aos últimos 20 anos. Dois dos testemunhos já tinham sido conhecidos anteriormente.

A notícia surge após um ano em que a Fox News esteve sob pressão. Em Julho de 2016, Roger Ailes foi forçado a demitir-se da administração do canal após várias denúncias de assédio sexual, mesmo tendo negado as acusações.

“A reportagem sugere um padrão”, diz o NYT: “Enquanto influente figura da redacção, O’Reilly criaria um vínculo com algumas mulheres, oferecendo conselhos e prometendo ajudá-las profissionalmente”. Depois, "ele procurava ter relações sexuais com elas, fazendo com que algumas receassem que, caso rejeitassem, as suas carreiras ficariam paralisadas".

Num comunicado sobre a perda de anunciantes, citado esta terça-feira pelo NYT, um dos responsáveis pela área comercial da Fox News adiantou que os anúncios dos clientes que se retiraram do programa "foram redireccionados para outros programas da Fox News". “Valorizamos os nossos parceiros e estamos a ouvir as suas preocupações sobre o 'The O’Reilly Factor’”, afirmou Paul Rittenberg.

Bill O’Reilly é o principal produtor de receitas da Fox News, de acordo com a empresa de pesquisa Kantar Media: trouxe mais de 178 milhões de dólares (166 milhões de euros) de anúncios em 2015 e 118,6 milhões (111 milhões de euros) nos primeiros nove meses de 2016. A Fox News representa cerca de um quinto da empresa-mãe, a 21st Century Fox, de acordo com estimativas de Anthony DiClemente, analista de media do banco de investimentos Nomura.

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