O Santini é eterno

É estranho isto de comer os mesmos gelados desde os anos 50. Como é que podem continuar tão bons? Mas continuam.

Domingo à tarde pomo-nos na fila do Santini em Carcavelos. É estranho isto de comer os mesmos gelados desde os anos 50. Estou sempre à espera que mudem e piorem. Porque é que o Santini há-de ser diferente? É cada vez maior, cada vez faz mais gelados, cada vez tem mais clientes: como é que pode continuar tão bom?

Mas continua. É a própria família Santini que teimosamente se recusa a piorar os gelados. O morango e o limão, deliciosamente acidulados e sumarentos, estão iguais. Qual quê: talvez estejam melhores. Desde 1949 que andam à procura de morangos e limões mais saborosos. Em Portugal, em Abril de 2017, tudo me diz que conseguiram encontrá-los.

A simpatia e a eficiência do pessoal, mesmo quando postas à prova pelas multidões de admiradores, nunca falham. Nem é só boa memória, paciência,  profissionalismo e cortesia: também têm amor à camisola. Falam com orgulho da magnífica bolacha que agora é fabricada por eles.

Vou sempre na esperança de encontrar o creme imperial: um gelado sublime feito com uns morangos pequeninos e raríssimos que só a família Santini sabe desencantar. Fica para a próxima: até porque é preciso ir todos os dias para ter a sorte de apanhá-lo. Verdade se diga nem sequer é o melhor dos sabores. Não é, por exemplo, tão bom como o gelado de morango - nunca se chame normal a esta obra-prima.

Mesmo assim vejo-me aflito para escolher os sabores das minhas 5 bolas, servidas com grande arte numa clássica taça de metal. Cada taça custa 5,90 euros. É um milagre.

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