Lince-ibérico em Portugal: 15 novas crias nos primeiros três meses do ano

Em 2016, a população do felino em toda a Península Ibérica atingiu os 483 exemplares e o número de animais mortos situou-se nos 33 indivíduos.

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Crias em Silves, em 2012 DR

Tal como em 2016, o ano de 2017 promete ser bem-sucedido no nascimento de novas crias de lince-ibérico (Lynx pardinus) nos seis centros de reprodução em cativeiro dispersos pela Andaluzia, Extremadura e Portugal. Nos primeiros três meses deste ano, nasceram 15 crias no Centro Nacional de Reprodução de Lince-Ibérico (CNRLI), em Silves, mais quatro do que no total de 2016 (11 exemplares) e mais cinco do que na totalidade de 2015 (dez).

A fêmea Biznaga foi a primeira, em 2017, a dar à luz três crias com a paternidade a ser atribuída ao macho Drago.   

Depois de Biznaga, foi a vez das fêmeas Era, Jabaluna, Fresa e Flora aumentarem a prole em Silves com mais uma dúzia de crias. Aguarda-se ainda o parto da fêmea Juromenha, que o centro de reprodução sinaliza como “a última potencial gestante em 2017”, pois está grávida como resultado da primeira tentativa de inseminação artificial realizada nesta espécie.

Segundo a informação prestada pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), a fêmea Era deverá ter parido no dia 17 de Março, “no meio de arbustos no seu cercado”. Seguiu-se a necessária observação do comportamento maternal, até ao momento em que a mãe transportou duas crias para dentro de uma caixa ninho, uma semana depois, no dia 24. Só então foi possível confirmar que o parto decorreu com êxito.  

Esta fêmea que tem nove anos, já tinha tido em 2015 um parto anormal em que perdeu duas crias, e em 2016 tinha dado à luz uma cria que morreu dois dias após o seu nascimento.

A Era é uma fêmea proveniente da população da Serra de Andújar “com enormes problemas de adaptação ao cativeiro” e que está a ser medicada e treinada há seis anos no CNRLI. Esses problemas de adaptação, acentua o ICNF, “terão condicionado o seu bem-estar, ansiedade e agressividade, e reprodução”.

Jabaluna deu continuidade à onda criadora e no dia de 25 Março mais três crias, filhas de Jerte, vieram enriquecer a população de linces em Silves. Apresentam um “aspecto e vitalidade normais”, tratando-se do primeiro parto de Jabaluna, à segunda tentativa. Este exemplar tem cinco anos, nasceu em El Acebuche, e é filha de dois fundadores do centro de Silves, Boj e Damán II, macho fundador também do CNRLI e mais tarde enviado para El Acebuche.  

O sucesso dos partos até agora efectuados faz prever um ano bem-sucedido, como aconteceu com Fresa, que no dia 26 de Março deu à luz quatro crias, com a paternidade de Hermes, exemplar vindo de La Olivilla no final de 2016. Esta fêmea já ofereceu ao centro de Silves 15 filhotes.

Por último, Flora, que no dia 28 Março deu à luz três crias, com Madagáscar, mas o nascimento só foi confirmado no dia seguinte quando a mãe moveu as três crias do seu ninho para outro situado na vegetação, mas relativamente perto de onde estava originalmente.

Os animais estão bem e os pais parecem lidar bem com a circunstância de terem uma ninhada na mesma instalação partilhada, “o que é novidade absoluta no CNRLI, mas já foi experimentado com êxito por El Acebuche em 2016”, assinala o ICNF. Pela primeira vez, foi possível observar o papel do macho no crescimento e desenvolvimento das crias. Com estas três novas crias, Flora já pariu onze linces no CNRLI.

Madagáscar é um macho de dois anos, “geneticamente muito importante para a manutenção da diversidade genética da espécie para o futuro”, observa ainda o ICNF.  

Aguarda-se que o número de crias de lince ibérico continue a registar uma subida em 2017, dando sequência ao registo sempre progressivo que se observa desde 2002, quando se iniciou a procriação deste felino, ameaçado de extinção, em cativeiro.

Em 2016, os dados divulgados no âmbito do projecto Life Iberlince apontam para 483 exemplares nascidos nos seis centros existentes na Península Ibérica.  

No entanto, os responsáveis pelo projecto alertam para o facto de o crescimento das populações de linces continuarem a sofrer “uma influência negativa” da nova variante da febre hemorrágica que provocou “ uma diminuição notável das populações de coelho bravo em toda a Península Ibérica”, especialmente nas áreas onde se localizam os centros de reprodução em cativeiro de Cardeña-Andújar, Doñana-Aljarafe e Guadalmellato. No Vale do Guadiana, em Mértola, onde o centro de Silves está a lançar no meio natural os seus linces, tem-se registado uma “recuperação significativa” em condições de assegurar a principal fonte de alimento do lince, assegura João Carvalho, secretário-geral da Associação Nacional dos Proprietários Rurais.

Notícia corrigida às 22h01 de 4/4/2017: em 2016 nasceram, 11 e não 15 crias de linces em Silves

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