Prémios para o realizador Ico Costa e o músico Rodrigo Leão em Paris

O festival Cinéma du Rée deu ao português Ico Costa o principal prémio da secção de curtas por Nyo Vweta Nafta, filme que marca um regresso a Moçambique. Rodrigo Leão ganhou o prémio para banda sonora original com No Intenso Agora, do brasileiro João Moreira Sales.

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Com Nyo Vweta Nafta Ico Costa regressa a Moçambique e celebra uma comunidade DR

O filme <i>Nyo Vweta Nafta</i>, do realizador português Ico Costa, venceu o prémio de melhor curta-metragem no Festival Internacional do Documentário Cinéma du Réel, em Paris.

A curta-metragem foi rodada integralmente em Moçambique, em Inhambane e Maputo, e é "um retrato fragmentário e engraçado de uma juventude que sonha, desespera, faz limpezas, engata e que trepa aos embondeiros", lê-se no programa do festival.

Em declarações à Lusa, o cineasta disse que espera que o prémio seja "uma oportunidade para que o filme possa ser mais mostrado". Ico Costa contou ainda que a curta-metragem, para a qual escreveu o argumento, nasceu da vontade de regressar à cidade de Inhambane, no sul de Moçambique, onde viveu durante um ano, "observar as pessoas e captar os diálogos", mostrando que, apesar da pobreza, o modo de vida não é tão soturno como se poderia pensar.

Nyo Vweta Nafta estreou-se na competição internacional do Festival Internacional de Cinema de Roterdão, na Holanda, sendo a quinta curta-metragem de Ico Costa e a primeira desde que terminou a sua formação no Le Fresnoy - Studio National des Arts Contemporains, em França.

Ico Costa adiantou também que acabou em Fevereiro a rodagem de um novo filme, na vila de Avô, no concelho de Oliveira de Hospital, que é um retrato ficcionado do interior de Portugal. O filme, em fase de pós-produção, deverá estar concluído no próximo ano.

Outro português, o compositor Rodrigo Leão, ganhou o prémio para banda sonora original com No Intenso Agora, realizado pelo brasileiro João Moreira Sales. O filme combina imagens de arquivo do Maio de 68, a revolução estudantil em França, a repressão da Primavera de Praga por tropas soviéticas empenhadas em não deixar a então Checoslováquia sair do domínio comunista e o percurso da mãe do cineasta pela China no ano da Revolução Cultural comunista.

Três documentários portugueses fizeram parte da programação do Cinéma du Réel, entre os quais Luz Obscura, de Susana de Sousa Dias, em competição na secção de longas-metragens documentais, e O Cinema, Manoel de Oliveira e Eu, de João Botelho, fora de competição.

Susana de Sousa Dias, que foi distinguida em 2010 com o grande prémio do festival com o filme 48, fez agora a estreia mundial de Luz Obscura, um filme que deverá ser apresentado em Portugal pela primeira vez em Maio, no âmbito do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema Independente.

O Cinéma du Réel começou a 24 de Março, no Centro Georges Pompidou, em Paris, e fecha este domingo, depois de mostrar 43 filmes.

 
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