Cronologia: da resolução do BES à venda do Novo Banco

Recorde as datas mais importantes desde 2014 até este ano e que marcaram o processo de resolução do antigo BES e da venda do actual Novo Banco.

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2014

3 de Agosto

A um domingo, ao final da noite, é anunciada a intervenção pública no BES, que é dividido em dois. No “velho” BES ficam os activos problemáticos, que implicam perdas para os accionistas e os detentores de obrigações subordinadas. Nasce o Novo Banco, que fica com todos os outros activos e recebe uma injecção de 4900 milhões de euros. O capital do Novo Banco é detido pelo Fundo de Resolução e fica na esfera do Banco de Portugal (BdP) e do Ministério das Finanças. Na hora de anunciar a medida de resolução, é o governador do banco central, Carlos Costa, quem dá a cara pela intervenção pública, garantindo que a decisão “não terá qualquer custo para o erário público, nem para os contribuintes”.

13 de Setembro

Vítor Bento demite-se de presidente do Novo Banco. Com ele saem José Honório (ex-presidente da Portucel) e João Moreira Rato (ex-presidente do IGCP, a agência responsável pela gestão de tesouraria e dívida pública). As divergências com Carlos Costa e com o Governo sobre estratégia do banco precipitaram a saída do economista. Bento apostava numa estratégia de médio prazo. No dia seguinte é substituído por Eduardo Stock da Cunha, director de auditoria do grupo Lloyds em Londres.

17 de Novembro

Arrancam as audições da comissão de inquérito ao caso BES/GES no Parlamento. O governador do Banco de Portugal, ouvido durante cerca de sete horas, garante que no final do processo eventuais perdas com a venda serão “suportadas pelo sistema bancário”.

4 de Dezembro

Começam a ser recebidas as manifestações de interesse, no âmbito do processo de venda do banco. No final do mês, o Banco de Portugal diz ter recebido 17 manifestações de interesse. Na altura, o supervisor não divulgou quem estava na corrida.

2015

20 de Março

Nove entidades confirmaram o interesse no Novo Banco. Sete apresentaram propostas não vinculativas.

17 de Abril

Das sete propostas não vinculativas, o Banco de Portugal seleccionou cinco. A esta fase chegaram os chineses da Anbang, da Fosun (dona da Fidelidade), os espanhóis do banco Santander e os norte-americanos da Apollo Global Management e da Cerberus. A partir daqui arranca a terceira fase do processo de venda, em que os candidatos têm de apresentar propostas vinculativas.

28 de Maio

O Governo anuncia a recondução de Carlos Costa como governador do BdP. A oposição contesta em bloco, com António Costa a dizer que o PS “não foi consultado” e a considerar um mau sinal o facto de ter bastado a “decisão de uma maioria em fim de mandato”.

30 de Junho

Termina o prazo para a entrega das ofertas vinculativas. O Banco de Portugal recebeu três propostas. Saem de cena o Santander e o fundo norte-americano Cerberus. Anbang, Fosun e Apollo seguem em frente, ao apresentarem propostas vinculativas.

30 de Julho

O Banco de Portugal alarga até 7 de Agosto o prazo para as três empresas apresentarem as propostas finais.

7 de Agosto

Só um dos três candidatos melhorou a oferta. O BdP informa, no entanto, que as três “continuam integralmente válidas”.

19 de Agosto

O processo de venda (a quarta fase) entra na recta final. O Banco de Portugal passa à “negociação com o potencial comprador seleccionado”, neste caso, os chineses da Anbang. O supervisor esclarece em comunicado que as outras duas propostas vinculativas continuam “integralmente válidas”.

31 de Agosto

É o último dia das negociações do Banco de Portugal com o comprador seleccionado pelo regulador. O dia termina sem ser conhecido o desfecho das discussões com a Anbang. À noite, o Novo Banco anuncia os resultados do primeiro semestre: prejuízos de 271,6 milhões de euros. Sem imparidades e provisões, os resultados da instituição tinham sido positivos em 17,7 milhões de euros.

1 de Setembro

BdP comunica que as negociações com a Anbang chegaram ao fim sem sucesso. Segue-se novo ciclo de negociações. Na corrida estão ainda o fundo norte-americano Apollo (donos da Tranquilidade) e os chineses da Fosun (donos da Fidelidade e do grupo Luz Saúde).

15 de Setembro

O Banco de Portugal anuncia que decidiu interromper o actual processo de venda do Novo Banco, “concluindo o procedimento em curso sem aceitar qualquer das três propostas vinculativas”.

2016

15 de Janeiro

Banco de Portugal anuncia que vai retomar o processo de venda do Novo Banco.

31 de Março

Banco de Portugal anuncia as novas regras de venda do Novo Banco.

30 de Junho

Banco de Portugal diz que recebeu quatro propostas de aquisição do Novo Banco.

12 de Julho

Nova substituição na liderança do Novo Banco. Sai Eduardo Stock da Cunha e entra António Ramalho, até então presidente da Infra-estruturas de Portugal, mas que, entre outros cargos, já havia passado pela administração do BCP.

31 de Outubro

O Banco de Portugal decidiu prolongar, por três meses, o contrato de Sérgio Monteiro.

4 de Novembro

O Banco de Portugal diz que recebeu cinco propostas no âmbito dos dois procedimentos de venda – Procedimento de Venda Estratégica e Procedimento de Venda em Mercado – do Novo Banco.

2017

4 de Janeiro

O Banco de Portugal anuncia que concluiu, com base nos elementos disponíveis nesta data, que o potencial investidor Lone Star é a entidade mais bem colocada para finalizar com sucesso o processo negocial tendente à aquisição do Novo Banco e decidiu convidá-lo para um aprofundamento das negociações.

20 de Fevereiro

O Banco de Portugal divulga que seleccionou a Lone Star para uma fase definitiva de negociações, em condições de exclusividade, com vista à finalização dos termos em que poderá realizar-se a venda da participação do Fundo de Resolução no Novo Banco.

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