Há já mais de cinco milhões de refugiados sírios

Número equivale a quase um quarto da população do país pré-guerra. Vizinhos – especialmente a Turquia, o Líbano e e a Jordânia – são quem mais recebe.

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Guterres lamentou, numa visita ao campo de Zaatari, que o número de oportunidades para os refugiados esteja a diminuir AMMAR AWAD/Reuters
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O número de refugiados sírios registados nos países vizinhos já ultrapassou os cinco milhões, segundo a ONU – quase um quarto dos 21 milhões de pessoas que viviam no país antes do início da guerra, em 2011. Outros seis milhões estarão deslocados internamente, e há ainda sírios que fugiram mas não estão registados em nenhum país. 

A grande maioria dos que fogem da guerra na Síria estão nos países vizinhos, e a Turquia é o país que mais recebe e tem já quase três milhões de refugiados. Mas o que os sírios encontram é muito diferente conforme o local em que estão: muitos estão em grandes campos de refugiados não longe da fronteira, onde têm várias restrições, incluindo não poderem trabalhar. Alguns vão para grandes cidades, onde enfrentam discriminação e exploração, incluindo em fábricas de roupa que produzem para marcas europeias.

Alguns tentam a viagem para a Grécia, onde os campos nas ilhas estão sobrelotados e é diminuta a possibilidade de seguir para outros países europeus com as fronteiras fechadas, e há ainda a ameaça de serem mandados de volta para trás, prevista num acordo assinado pela União Europeia com a Turquia.

Uma grande parte dos 62 mil refugiados na Grécia é síria (Grécia e Itália têm um total de 176 mil refugiados em centros temporários), mas muitos não querem pedir asilo naquele país, que está em profunda crise económica. Na Europa, a grande maioria dos pedidos de asilo de sírios concentrou-se na Alemanha e Suécia.

A falta de esperança numa vida fora dos campos está a tornar-se dramática. Esta semana, um sírio de 25 anos foi encontrado morto no porto do Pireu, em Atenas, num aparente suicídio. Tinha os seus papéis de pedido de asilo consigo.

Organizações não-governamentais avisam há meses para os perigos de ter refugiados em campos sem qualquer perspectiva. Há crianças a automutilar-se, algumas com apenas nove anos, segundo a ONG britânica Save the Children, que fala também de um aumento de tentativas de suicídio entre menores, alguns com 12 anos.

Se tudo isto parece melhor do que a guerra, nem sempre é assim. Um refugiado sírio na Grécia, Thaer Al Nahir, 39 anos, desabafou a uma repórter do Global Post: “Dêem-me dinheiro para pagar a um contrabandista e eu volto já para a Síria. Lá a morte é rápida. Aqui estamos a morrer aos poucos”.

O número de hipóteses para os refugiados está a diminuir e não a aumentar, lamentou o secretário-geral da ONU, António Guterres, numa visita ao grande campo de refugiados de Zaatari, na Jordânia, onde vivem cerca de 80 mil refugiados sírios. 

Há dois exemplos disso: um plano da União Europeia de Setembro de 2015 previa a recolocação de 160 mil refugiados na Grécia e Itália, mas pouco mais de 14 mil foram recolocados. E um apelo da ONU para ajudar os refugiados sírios e quem os recebe obteve apenas 6% do dinheiro de que precisava para este ano: 298 milhões de dólares, em vez dos 4,6 mil milhões de dólares necessários.

Guterres alertou que a solidariedade para com os refugiados não é apenas um acto de solidariedade, mas também de interesse próprio: o contrário apenas deixa mais pessoas vulneráveis a serem exploradas por extremistas, avisou.

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