Desaparecimento de armas: abertos processos disciplinares a responsáveis da PSP

Ministério vai fazer “inventário rigoroso” de todas as armas e munições da PSP, GNR e SEF.

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Cada agente da PSP tem uma arma Glock de 9 milímetros NFACTOS/FERNANDO VELUDO

O Ministério da Administração Interna (MAI) anunciou nesta quarta-feira que foram “instaurados processos disciplinares à cadeia hierárquica do Departamento de Apoio Geral da Direcção Nacional da PSP” no âmbito do caso do desaparecimento de 57 armas, estojos, carregadores e os kits de limpeza de uma arrecadação da PSP em Lisboa. "Foram iniciados os procedimentos legais com vista à cessação da comissão de serviço do ex-director do Departamento de Apoio Geral da Direcção Nacional da PSP, enquanto Oficial de Ligação do MAI na Guiné Bissau", indicou o ministério em comunicado, referindo-se ao superintendente da PSP Paulo Jorge Gonçalves Sampaio.

Segundo a agência Lusa, o superintendente da PSP Paulo Jorge Gonçalves Sampaio, agora afastado do cargo, iniciou funções na Guiné-Bissau a 23 de Janeiro de 2017 e terminaria a comissão de serviço em Fevereiro de 2020, de acordo com o despacho da nomeação publicado em Diário da República a 6 de Dezembro de 2016. Este oficial da PSP dirigiu este departamento durante cerca de quatro anos.

Na mesma nota, o MAI adianta que irá ser feito um "inventário rigoroso" de todas as armas e munições existentes na PSP, GNR e Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). O desaparecimento das 57 armas da arrecadação da Direcção Nacional da PSP, em Lisboa, foi revelado em Fevereiro deste ano.

“Na sequência das conclusões do inquérito sobre o desaparecimento de armamento do Departamento de Apoio Geral da Direcção Nacional da Policia de Segurança Pública, a Ministra da Administração Interna determinou a realização de um inventário rigoroso de todas as armas e munições existentes na PSP, GNR e SEF", lê-se no comunicado.

Reforço da segurança

As forças e serviços de segurança devem ainda, adianta o MAI, “informar a Inspecção-Geral da Administração Interna sobre todos os procedimentos relativos ao controlo, registo, distribuição e armazenamento de todo o armamento, com vista à harmonização e reforço dos mecanismos e procedimentos de segurança, supervisão e controlo”.

O Ministério Público, através do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, lançou uma investigação em Fevereiro ao desaparecimento de um lote de 57 armas Glock que estavam numa arrecadação da Direcção Nacional da PSP, em Lisboa. A polícia só notou que as armas tinham desaparecido quando uma Glock da PSP foi apreendida no Porto, a 25 de Janeiro. Estava no Bairro da Pasteleira com um estudante de 21 anos, suspeito de tráfico de droga.

Surpreendida pela apreensão da arma de 9 milímetros, com a inscrição “Força de Segurança” e com o dístico daquela polícia nela gravado, a PSP lançou uma operação nacional de inventário de todas as armas que estão distribuídas aos agentes e de todas aquelas que estão nos armazéns dos comandos espalhados pelo país. Cada um dos mais de 20 mil agentes foi contactado individualmente para confirmar o número de série da arma que lhe está atribuída e para garantir que a tinha em sua posse.Outras três armas foram depois detectadas pelas autoridades espanholas em Ceuta.

Quem terá levado as armas?

Quando a operação de inventário chegou ao armazém do Departamento de Apoio Geral da Direcção Nacional da PSP, em Lisboa, há cerca de uma semana, um oficial descobriu que faltavam 57 Glock. Quem as terá levado e quando? Não se sabe. Mas dois agentes que trabalham neste departamento e são responsáveis pelo controlo das armas foram de imediato alvo de processos disciplinares e suspensos provisoriamente.

Chamada no início deste mês à Assembleia da República, a ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa revelou que as conclusões preliminares do inquérito da PSP ao desaparecimento das armas apontavam para “falhas na área da supervisão e controlo”.

A ministra acrescentou que no depósito da direcção nacional da PSP estão armazenadas “algumas armas que não estão distribuídas” aos polícias ou aquelas que “pertencem a efectivo policial que não necessita de andar armado”.

Já na tarde desta quarta-feira Constança Urbano de Sousa, disse que houve “falhas graves” nas áreas de supervisão e controlo no caso do desaparecimento de 57 armas Glock da PSP.

“O relatório de inquérito concluiu por falhas graves de supervisão e controlo no Departamento de Departamento de Apoio Geral (DAG) da Direcção Nacional da Policia de Segurança Pública”, vincou à Lusa à margem da visita às obras de requalificação da Esquadra de São Mamede Infesta, em Matosinhos, distrito do Porto.

Esta situação levou a uma “série” de medidas, nomeadamente à instauração de processos disciplinares em toda a cadeia hierárquica do departamento e à inventariação “rigorosa” de todas as armas nas forças e serviços de segurança sob a tutela do Ministério da Administração Interna, análise “muito exaustiva” de todos os procedimentos de controlo, supervisão, armazenamento e distribuição de armamento aos polícias em geral e aos inspectores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

Com Lusa

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