As lições políticas de Rui Moreira ao ex-bastonário dos médicos

O autarca portuense foi convidado para ir a Coimbra falar da sua experiência autárquica na segunda autarquia do país. Ex-bastonário dos médicos vai protagonizar candidatura independente.

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Ex-bastonário dos médicos quer importar para Coimbra o modelo de Rui Moreira no Porto Nelson Garrido

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, juntou-se esta quarta-feira à tarde ao candidato independente à autarquia de Coimbra, José Manuel Silva, numa sessão da sua candidatura e disse-lhe para não fazer promessas eleitorais, ter um discurso contido durante a campanha e “não abrir guerra aos partidos”.

Num registo descontraído e informal, Rui Moreira fez um relato detalhado do processo por que passou a sua candidatura independente até ao dia das eleições, revelando que nunca duvidou que a vitória lhe escaparia. Isto apesar de “todos” dizerem que ia perder.

Antes de se deter na importância da Cultura numa cidade como o Porto e nas questões que foram determinantes para ganhar as eleições, o presidente elogiou o ex-bastonário da Ordem dos Médicos (OM) pela sua determinação e pelas suas ideias e decretou: ”Não se coíba de defender os seus princípios. Não caia na tentação de fazer guerra e dizer mal dos partidos políticos. Os movimentos independentes devem fugir à demagogia e afirmarem-se como apolíticos”, acrescentou ao mesmo tempo que apontou as vantagens das candidaturas promovidas por grupos de cidadãos eleitores.

”As candidaturas independentes têm uma grande vantagem: permitem fazer escolhas sóbrias das pessoas que conhecem a cidade”, apontou, declarando que “as mercearias e as quotas [partidárias]” ficam de fora.

Falando para uma plateia onde estavam presentes vários médicos e também muitas mulheres, o autarca partilhou um pouco da sua paixão pela fotografia e do seu percurso – “fiz a minha vida sempre no meio empresarial” – antes de se lançar na corrida à Câmara do Porto, para depois revelar que as pessoas que convidou para a lista pensavam da mesma maneira, da esquerda à direita. “Uns eram do CDS outros próximos do PCP”, exemplificou.

As “contas à moda do Porto” - uma máxima do seu antecessor na presidência da câmara, Rui Rio -, a Cultura e a Coesão Social foram considerados os pilares da sua candidatura.

Dirigindo-se ao candidato, José Manuel Silva, avisou-o da importância de fazer ”discursos contidos” e de não revelar todas as ideias que tem para Coimbra. “Quando começamos um projecto não devemos apresentar muitas ideias”, disse, afirmando que durante a campanha nunca deixou de ouvir as pessoas, nas ruas ou nos cafés, apesar de lhe dizerem que ia ser derrotado. Criticou a “política espectáculo” e aqueles que “usam as pessoas como adereços durante as campanhas eleitorais” e referiu que, ao contrário de outros, não fez campanha no Mercado do Bolhão – um local emblemático da cidade. ”Aquilo é beijódromo”, criticou, deixando a garantia que na próxima campanha também não visitará o mercado.

Aproveitando o facto de o Parlamento ter aprovado recentemente a Lei Eleitoral Autárquica, o presidente da Câmara do Porto revelou satisfação pela principal alteração que sugeriu à legislação ter sido acolhida. “A partir de agora, as candidaturas de grupos de cidadãos eleitores a todos os órgãos autárquicos podem ser alteradas em 1/3” referiu, considerando, no entanto, que a “lei podia ter isso mais longe”.

Por seu lado, o candidato, José Manuel Silva, falou das razões da sua candidatatura a Coimbra e dos seus objectivos para depois disparar contra a política que seguida pelos partidos que têm governado a câmara. “Coimbra parece uma cidade bombardeada e espera há muitos anos por obras que são sucessivamente adiadas”, disse, sublinhando que as “prioridades da câmara são fazer repuxos”.

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