PPE pede formalmente demissão de Dijsselbloem

Presidente do Eurogrupo acusou os europeus do Sul de gastarem o dinheiro dado pelos países do Norte “em copos e mulheres”.

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Jeroen Dijsselbloem, ministro holandês das Finanças e presidente do Eurogrupo Reuters/Yves Herman

O grupo parlamentar do Partido Popular Europeu (PPE) pediu esta terça-feira, formalmente, a demissão do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem.

O texto exige a demissão de Dijsselbloem e um pedido formal de desculpas pelas suas polémicas declarações sobre os países do Sul, diz o partido em comunicado.

“Na crise do euro os países do Norte mostraram solidariedade para com os países do Sul. Como social-democrata, a solidariedade é para mim extremamente importante. Mas quem a pede tem também deveres. Não posso gastar o meu dinheiro todo em bebidas e mulheres e depois ir pedir a vossa ajuda. Este princípio vale ao nível pessoal, local, nacional e também europeu”, afirmou o holandês em entrevista ao jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung. As declarações tiveram repercussão em vários países e foram criticadas também pelo Governo português, que pediu o afastamento do seu autor.

Questionado no Parlamento Europeu pelo eurodeputado espanhol Ernest Urtasun, Dijsselbloem recusou pedir desculpa, justificando as declarações com o seu "estilo frontal".

A "Jeroen Dijsselbloem só lhe resta resignar ao cargo", defende o deputado José Manuel Fernandes, destacando que "o presidente do Eurogrupo tem de ser credível e capaz de unir" e que "a atitude maniqueísta de Dijsselbloem divide e desagrega". Também Paulo Rangel condenou "a gravidade das declarações de carácter ofensivo e discriminatório", para as quais "não pode haver contemplações".

"Estas declarações do senhor Jeroen Dijsselbloem são absolutamente inaceitáveis. São também muito perigosas, porque demonstram bem qual é o perigo do populismo e que o populismo não está só naqueles que têm coragem de assumir que o são. Está também naqueles que aparecem com pele de cordeiro, porque fazem discursos que são racistas, xenófobos e sexistas, como o discurso do senhor Dijsselbloem", condenou à data o primeiro-ministro português, António Costa.

O pedido de demissão partiu do vice-presidente do Grupo Partido Popular Europeu, o espanhol Esteban González Pons, e foi subscrito por todos os deputados do grupo europeu do PSD e por um vasto grupo de deputados de várias delegações. González Pons já tinha dito que Dijsselbloem “ofendeu os países do Sul e as suas mulheres com uma declaração racista e machista” e “deve pedir desculpa e deixar o seu cargo, pois já não é neutro”.

Dijsselbloem foi eleito em 2013 e reeleito em Julho de 2015 para mais dois anos e meio. O seu mandato termina no início de 2018. 

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