A Herdade do Vale do Rico Homem, propriedade de uma empresa detida maioritariamente pelo antigo presidente executivo da Portugal Telecom, Henrique Granadeiro, foi alvo de arresto judicial no âmbito de um dos processos que investigam o colapso do Banco Espírito Santo (BES) e do grupo com o mesmo nome. A notícia foi avançada esta segunda-feira pelo Observador, que cita o averbamento da ficha predial daquela herdade. Contactada pelo PÚBLICO, a Procuradoria-Geral da República apenas confirma a "realização de um arresto" no âmbito daqueles processos, sem identificar o imóvel ou os seus proprietários.

Segundo o Observador, o arresto ocorreu depois do antigo líder do BES, Ricardo Salgado, e do próprio Granadeiro terem afirmado, no âmbito da Operação Marquês, que a sociedade offshore Espírito Santo Enterprises tinha adquirido uma parte da sociedade que detém aquela quinta vinícola, uma informação que terá sido comunicada ao titular dos casos que investigam o colapso do BES/GES. A explicação foi dada pelo antigo banqueiro para justificar os perto de 25 milhões de euros transferidos entre 2007 e 2012 pela Espírito Santo Enterprises para uma conta na Suíça da qual Henrique Granadeiro era o beneficiário. Salgado, contudo, não conseguiu precisar ao procurador da Operação Marquês o nome da quinta, nem a percentagem da participação adquirida. E o contrato? Não chegou a ser redigido, disse Salgado, citado pela Visão.

Já Granadeiro, constituído arguido no final de Fevereiro, terá especificado, de acordo com o Observador, que a empresa que é conhecida por ser o alegado “saco azul” do GES adquiriu cerca de 30% da Margar – Sociedade Agro-Pecuária, SA, sociedade agrícola que detém, entre outros terrenos, a Herdade do Vale do Rico Homem, uma quinta com mais de 800 hectares localizada no concelho de Évora.

No averbamento da ficha predial daquela herdade, o Ministério Público calcula que as eventuais indemnizações e as alegadas “vantagens obtidas com a actividade criminosa” pelos arguidos do caso BES/GES atinjam os 1,6 mil milhões de euros, o valor que pretende salvaguardar com os arrestos.