TAP recupera terreno às low cost no Porto

Empresa recuperou segundo lugar de passageiros e liderança de movimentos no final de 2016. Ponte aérea faz um ano e transportou 750 mil passageiros.

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Ponte aérea da TAP entre Lisboa e Porto faz agora um ano. paulo pimenta

A TAP fechou o ano passado a recuperar a segunda posição no ranking das maiores companhias no Porto em passageiros transportados, lugar que tinha perdido para a Easyjet.

De acordos com os dados do regulador da aviação, a ANAC, no quarto trimestre do ano passado a TAP conseguiu uma quota de mercado de 20%, cabendo à Easyjet 14%. No trimestre anterior, o peso estava nos 13% e 15%, respectivamente. A liderança permanece nas mãos da Ryanair, com uma fatia de 38% do mercado.

Nos últimos três meses do ano, de acordo com os dados agora disponíveis, a TAP conseguiu também retomar a liderança em termos de movimentos de aeronaves, que tinha perdido, pela primeira vez, para a Ryanair. Segundo os dados da ANAC, entre Outubro e Dezembro de 2016 a TAP atingiu uma quota de mercado de 30%, contra os 27% da Ryanair.

Nota-se, no entanto, que o peso da companhia irlandesa de baixo custo tem-se mantido de forma constante nos 27%, e é a TAP quem oscila ao longo do ano. No primeiro trimestre do ano passado chegou aos 32% do mercado, mas entre Julho e Setembro caiu para 25%, cedendo então a liderança à Ryanair.  

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Isto na mesma altura em que a TAP, liderada por Fernando Pinto e já com accionistas privados no seu capital, começou com a ponte área entre Porto e Lisboa, ao mesmo tempo que abandonou várias ligações internacionais com partida da aeroporto Francisco Sá Carneiro.

O reforço das ligações entre Porto e Lisboa teve início exactamente há um ano, e, para a TAP, o balanço é “muito positivo”. Com uma taxa média de ocupação de 75%, a empresa diz ter transportado 750 mil passageiros entre as duas cidades. A maioria dos bilhetes, como seria de esperar, foram vendidos no mercado português (54%), seguindo-se outros países europeus (28%) e Brasil (10%).

“A ponte aérea permitiu à TAP aumentar o número de passageiros transportados em 80%”, refere fonte oficial da empresa, sinalizando que foram efectuados 12.594 voos, o que compara com 5516 no ano anterior. A mesma fonte, embora não diga quantos voos foram cancelados no período em causa, sublinha que tal só aconteceu “quando as condições meteorológicas assim o exigiram” e que nunca se registaram voos vazios na Tap Express (há 16 por dia).

Os mais procurados por quem viaja para o Porto são os descolam às 7h , 9h , 17h e 22 horas; enquanto no sentido inverso a preferência vai para as 6h30, 7h30 e 8h30. Actualmente, segundo a ANAC, a rota com mais peso nos aeroportos nacionais é a que liga Lisboa e Porto, com 4,3% do total de movimentos, superando Lisboa/Madrid, que ocupava a liderança no final de 2015.

As críticas do Porto

Para o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, que travou uma acesa polémica com a TAP há um ano, “as críticas e as preocupações mantêm-se rigorosamente as mesmas”. Em declarações ao PÚBLICO, o autarca sublinha que não tem nada contra a opção do reforço de ligações, competindo com outras empresas como a Ryanair e a CP, e até com os transportes privados. “O que eu contesto, e critico, é usarem esse reforço de ligações para suprimirem ligações directas a cidades como Milão, ou Bruxelas, só para citar dois destinos ”, diz. E nem o facto de a Ryanair ter já uma ligação a Milão atenua as críticas, porque os horários são diferentes.

Houve, porém, oportunidades que a TAP abriu a outras companhias, admite Rui Moreira. “Já não nos lembrávamos de ter uma Air France a oferecer Paris”, diz, afirmando que as companhias de bandeira reforçaram a sua presença.

A mesma referência é feita por Paulo Nunes de Almeida, presidente da Associação Empresarial de Portugal (AEP). “A TAP, ao desinvestir no Porto, deu oportunidades a outras companhias”, diz, sem deixar de constatar que as rotas que não foram cobertas trazem mais custos, e menos tempo, aos agentes económicos da região. O Estado, refere, devia ter influência na definição das rotas. E sublinha que, no caso da ponte aérea, a TAP “tem de melhorar a qualidade do serviço”.

Por parte de Rui Moreira, existe uma quase certeza, a de que a TAP vai voltar a abrir destinos internacionais a partir do Porto. “O que se adivinha é que no quadro de sobrelotação do aeroporto da Portela, e enquanto não está pronto o Montijo, uma decisão que eu fui dos primeiros a defender, é natural que abram essas ligações”, defende.

A “esperança final”, termina, vai para o novo conselho de administração da TAP, que deverá ser liderado por Miguel Frasquilho (mantendo-se Fernando Pinto como presidente da comissão executiva). “Trata-se de alguém que fez um trabalho exemplar no AICEP e conhece muito bem as necessidades das exportadoras, e que tem de haver ligações aéreas directas com os mercados mais importantes”, concretiza.

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