Centenas de pessoas detidas na repressão a protestos na Bielorrússia

Desde Fevereiro, milhares de pessoas têm tomado as ruas da antiga república soviética em protesto contra um imposto que penaliza os desempregados.

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A organização de defesa dos Direitos Humanos Vesna-96 denunciou que mais de 400 pessoas foram detidas durante a repressão aos protestos deste sábado LUSA/TATYANA ZENKOVICH

Centenas de pessoas foram detidas neste sábado em Minsk, capital da Bielorrússia, para reprimir um protesto contra o regime autoritário de Alexander Lukashenko.

Os manifestantes, que empunhavam cartazes e gritavam slogans contra a degradação da qualidade de vida, foram recebidos pela polícia de choque, que agrediu várias pessoas e deteve centenas de participantes na marcha, assim como mais de uma dezena de jornalistas. A BBC relata que os manifestantes apelidavam os agentes da polícia de "fascistas".

Tatiana Reviako, da organização não-governamental de defesa dos Direitos Humanos Vesna-96, afirmou às agências de notícias que mais de 400 pessoas foram detidas. “Muitos dos que foram detidos foram também agredidos e precisam de ajuda médica”, disse.

O grupo Vesna-96 denunciou que, antes do início do protesto, a polícia invadiu os seus escritórios e deteve mais de 50 activistas, que foram depois libertados.

Desde Fevereiro, milhares de pessoas têm tomado as ruas da antiga república soviética em protesto contra um imposto dirigido a pessoas que trabalham menos de 183 dias por ano, que ficou conhecido no país como lei contra “parasitas sociais”. Os opositores da medida afirmam que o imposto penaliza injustamente quem não consegue encontrar trabalho. Os protestos, os maiores dos últimos anos contra o Governo da Bielorrússia, resultaram na detenção de dezenas de pessoas nas últimas semanas. 

Em resposta à insatisfação popular, e numa decisão rara, Lukashenko acabou por suspender a aplicação da medida durante este ano, mas recusou-se a descartar definitivamente o imposto, o que não fez cessar os protestos, alimentados pela insatisfação com o baixo nível de vida no país. A Bielorrússia atravessa uma recessão desde 2015, sofrendo os efeitos da crise económica na Rússia, seu principal mercado, e pela quebra dos preços do crude, uma vez que os produtos petrolíferos continuam a ser a principal exportação de Minsk.

Na segunda-feira, o Presidente Lukashenko acusou “forças de segurança do Ocidente” de estarem a usar uma “quinta coluna” para tentar “inflamar a situação" no país, provocando distúrbios e ameaçando a estabilidade do regime. Eleito pela primeira vez em 1994, Lukashenko tem liderado a ex-república soviética com pulso de ferro, sendo frequentemente referido como “o último ditador da Europa”.

Ainda não se sabe como é que a repressão dos protestos irá afectar as relações da Bielorrússia com a União Europeia, que em Fevereiro do ano passado levantou as sanções contra o país, depois de Lukashenko ter libertado vários prisioneiros políticos.

 

 

 

 

 

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