Comissária europeia considera que declarações de Dijsselbloem foram infelizes

Cecilia Malmström não concorda com declarações, mas salienta o "bom trabalho" do líder do Eurogrupo.

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Jeroen Dijsselbloem, ministro holandês das Finanças e presidente do Eurogrupo Reuters/ERIC VIDAL

A comissária europeia do comércio considerou esta quinta-feira, em Lisboa, que foram infelizes as declarações de Jeroen Dijsselbloem sobre os países do Sul da Europa, apesar de considerar que o ministro holandês tem feito um bom trabalho na União Europeia.

"Penso que o senhor Dijsselbloem está a fazer bom trabalho, penso que foi muito infeliz por ter dito algo assim porque pode ser mal-entendido, eu nunca diria algo assim", afirmou Cecilia Malmström aos jornalistas à saída de uma audição no parlamento português sobre o acordo de comércio entre a União Europeia e o Canadá.

Questionada sobre se este tipo de declarações não serve para criar divisões na Europa, a política sueca preferiu destacar o "bom trabalho" de Jeroen Dijsselbloem como presidente do Eurogrupo (grupo que reúne os ministros das Finanças dos países da zona euro).

"Não devemos olhar só para essas palavras, foi uma coisa estúpida de se dizer", concluiu a responsável pela pasta do Comércio na Comissão Europeia.

A polémica em torno de Jeroen Dijsselbloem surgiu depois de este ter usado uma metáfora controversa, em declarações na segunda-feira a um diário alemão sobre o bloco do sul da União Europeia.

"Na crise do euro, os países do norte da Europa mostraram-se solidários com os países afetados pela crise. Como social-democrata, atribuo à solidariedade uma importância extraordinária. No entanto, quem pede ajuda também tem obrigações. Não se pode gastar o dinheiro em copos e mulheres e logo depois pedir ajuda", afirmou.

Isto levou a que várias vozes tenham pedido já demissão de Dijsselbloem do cargo de presidente do Eurogrupo, incluindo o líder dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu, a família política que o ministro das Finanças holandês integra.

Também o primeiro-ministro português, António Costa, pediu o afastamento de Dijsselbloem do cargo, a que se juntaram o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que se encontra de visita a Bruxelas, e o líder do Parlamento Europeu, Antonio Tajani.

Já esta quarta-feira, Dijsselbloem lamentou que haja quem se tenha sentido ofendido com as suas declarações, desculpando-se com a cultura Calvinista holandesa e salientou não ter qualquer intenção de se demitir.

"Lamento que alguém se tenha ofendido com o comentário. Foi directo e pode ser explicado com a cultura de rigor holandesa, a cultura Calvinista", afirmou, em declarações divulgadas em Bruxelas.

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